O Brasil está em primeiro lugar na lista de ‘alvos’ de raios em todo o mundo. Em uma década, recebeu aproximadamente 57 milhões de descargas, que mataram 1.321 pessoas. Os números são do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os cientistas também detectaram uma tendência de alta do fenômeno natural em território brasileiro e avaliam, agora, sua relação com as mudanças climáticas que afetam o planeta.
A hipótese é que cada grau de aquecimento da temperatura média global resulta em alta de 10% a 20% na incidência de raios. Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat, e sua equipe começaram um estudo específico para confirmar ou descartar essa relação. Os trabalhos científicos seguem até 2013.
Segundo o pesquisador, a motivação para o estudo veio de uma conferência do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática ( IPCC ) em 2007. “No encontro, foi levantada a hipótese de que os raios aumentariam o efeito estufa ao provocar mais incêndios em florestas, que por sua vez liberariam mais dióxido de carbono, alimentando um ciclo contínuo”, explica.
O projeto vai usar três fontes principais de dados: a Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat, com quase 60 sensores), informações do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (missão de mensuração de chuva tropical) e notações históricas (os primeiros registros datam de 1780, da cidade do Rio).
Para analisar as informações, o Inpe contará com quatro parceiros nos Estados Unidos: a Nasa, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e a Universidade do Arizona.
O projeto também vai analisar a influência do Sol . Em ciclos de cerca de 11 anos aumentam as manchas na superfície solar e com elas o índice de radiação lançado pela estrela. Na Terra, isso é sentido por meio de alterações das partículas da atmosfera. “São elas que facilitam ou não a formação de gelo nas nuvens e os raios só ocorrem quando existe gelo no interior das nuvens”, diz Pinto Júnior. A próxima ocorrência de aumento das manchas solares está prevista para 2012.
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