Os constantes ataques de camponeses armados a agricultores de origem brasileira assentados no município de Mariscal López, a 100 quilômetros da fronteira, responderiam a um plano cuidadosamente desenhado. Foi o que opinou, em entrevista ao Diário Última Hora, o delegado Roberto Maldonado.
Na última quinta-feira (10), três brasiguaios ficaram feridos durante ataque de radicais que pretendiam interromper a fumigação de agrotóxicos em uma lavoura de soja. Na mesma região, um policial que custodiava uma propriedade foi assassinado, em episódio ocorrido no mês de outubro.
“Eu creio que estes constantes ataques e enfrentamentos dos camponeses de nossa região fazem parte de um plano que eles já têm completamente esquematizado e sabem quando atuar”, ponderou Maldonado, comandante da delegacia situada na conflitiva Colônia Santa Teresa.
Odir Gobi, familiar de dois dos feridos no último ataque, tem opinião similar. “Uma vez nos tomaram de refém por várias horas, com intenção de que nossas famílias deixem as propriedades [cerca de 400 hectares, ocupados por 18 agricultores] que eles querem supostamente recuperar”, relembrou.
“Estes camponeses já queimaram nossos tratores, caminhonetes e outras ferramentas. Feriram também outros produtores e sempre estão buscando problemas. Neste ano, já nos atacaram três vezes”, lamentou. Gobi fez críticas, ainda, à “postura omissa” de Alfredo Mieres, representante do Ministério Público local.
“Já temos como 50 denúncias guardas nas gavetas e ontem (11) denunciamos novamente este caso, mas o promotor me disse que na segunda-feira (14) indiciaria os responsáveis. O triste é que Mieres é muito frouxo e nunca faz nada para melhorar”, criticou.
Agricultores brasiguaios da região de Mariscal López / Laterza Cué denunciam, também, a suposta conivência do governo paraguaio em relação aos camponeses violentos, que contariam com “costas quentes” no Ministério do Interior.