Não está nos planos das montadoras pedir uma nova prorrogação da redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do carro zero. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o setor precisa de medidas permanentes para reduzir a ociosidade do parque automotivo brasileiro, que encosta nos 50%."Não vamos pressionar [o governo] para prorrogar o IPI. É preciso elaborar um conjunto de medidas permanentes para o setor, cuja cadeia automotiva precisa ser tratada como um todo", disse o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho.Mesmo descartando a prorrogação do incentivo fiscal --que deveria ser extinto em novembro e que agora acaba no final de fevereiro--, a Anfavea admite que 2003 seria um ano muito pior se o governo não tivesse reduzido em 3 pontos a alíquota dos carros de até 2.000 cilindradas."Sem a redução do IPI, as vendas de carros para o mercado interno deveriam ter caído 10%. Pelo menos era essa a projeção que a indústria fazia", afirmou Carvalho.Graças ao benefício fiscal, as montadoras venderam 1,428 milhão de veículos em 2003, uma queda de 3,4% em relação a 2002. Em dezembro, foram comercializadas 168.873 unidades, um crescimento de 31,8% na comparação com o mesmo mês de 2002. Foi o melhor dezembro de toda a história da indústria automotiva, presente no Brasil desde 1957.O bom desempenho de dezembro reduziu o estoque nas fábricas e concessionárias de 112.849 unidades em novembro para 83.179 veículos em dezembro, suficiente para 16 dias de venda.Para 2004, o setor automotivo prevê a venda de 1,540 milhão de veículos para o mercado interno, o que representaria um aumento de 7,8% em relação a 2003.Medidas permanentesEntre as medidas que, segundo a Anfavea, poderiam ser tomadas para incentivar o setor automotivo está a redução da carga tributária. "A carga tributária é a mais alta do mundo. Essa é uma questão que precisamos tratar com o governo", afirmou Carvalho.Também está na pauta da Anfavea a discussão de mudanças no sistema de financiamento de veículos. A idéia é mudar as regras do leasing (espécie de aluguel com opção de compra no final) para acelerar a retomada do bem de consumidores inadimplentes.