O jornalista americano Jack Kelley, finalista do Prêmio Pulitzer, pediu demissão do "USA Today" depois que o jornal começou a investigar suas reportagens, afirmou a editora Karen Jurgensen.Jurgensen se negou a comentar ontem sobre a causa da investigação. Ela afirmou que o jornal não pretende corrigir nenhuma de suas reportagens no momento.Kelley, que pediu demissão na terça-feira (6), foi finalista do Prêmio Pulitzer em 2002 após publicar uma série de reportagens sobre terrorismo internacional. Como correspondente do "USA Today", ele trabalhou em 90 países, cobrindo a Guerra do Golfo (1991), o massacre em Ruanda e a fome na Somália.Ele não foi encontrado ontem à noite pela agência de notícias Associated Press.Jayson Blair, ex-repóter do "New York Times", admitiu no ano passado ter inventado informações e plagiado textos de outras publicações e pediu demissão do jornal.Carta anônimaSegundo a edição de hoje do jornal "The Washington Post", Kelley foi acusado em uma carta anônima de publicar reportagens falsas.Kelley negou as acusações. "Declarações recentes foram feitas em forma de uma carta anônima, mas foi provado que elas eram falsas, como ficou comprovado pelo fato de que nenhuma retratação ou correção foi publicada"."Apesar disso, o "USA Today" e eu decidimos seguir em caminhos diferentes. Desejo ao "USA Today" tudo de bom", afirmou Kelley.Kelley está sob investigação desde junho, afirmou o "Washington Post". Outro repórter do "USA Today", Mark Memmott, foi designado a tentar verificar o trabalho publicado por Kelley. Sete reportagens foram inicialmente selecionadas, mas apenas quatro foram examinadas, segundo o "Washington Post".Das quatro reportagens, três foram confirmadas como corretas, enquanto Memmott não conseguiu provar como verdadeira ou falsa uma quarta reportagem, em que Kelley descrevia a tentativa de nove cubanos de escapar para os EUA em um barco, segundo o "Washington Post".InimigosEnquanto alguns colegas de Kelley se disseram céticos em relação às reportagens assinadas pelo repórter, outros saíram em sua defesa.O "Washington Post" afirmou que Kelley acredita ter feito inimigos no jornal e que as acusações foram provocadas por inveja profissional.Kelley, 43, afirmou a colegas que pediu demissão porque sentia que o ambiente de trabalho tinha ficado "hostil" para ele continuar a trabalhar no jornal, disse o "Washington Post".Kelley começou sua carreira no "USA Today" depois de se formar na Universidade de Maryland, em 1982.Além do trabalho no jornal, Kelley é co-autor de dois livros com Al Neuharth, fundador do "USA Today", publicados em 1989.