A vinda do presidente Lula a Três Lagoas para inaugurar a fábrica de papel deu início também a algumas decisões políticas.
Na volta a Brasília o presidente Lula convidou para ir junto, no Aerolula, o ex-governador Zeca do PT. Além de viajarem juntos, Zeca do PT e dona Gilda ficarão hospedados no Palácio Alvorada e lá,
certamente, os dois definiram a caminhada política do ex-governador nessa próxima campanha.
Lula certamente tentou convencer Zeca do PT a não ser candidato para que Dilma tenha um triplo apoio aqui no Estado: do prefeito da capital, Nelsinho Trad, que já manifestou sua preferência por Dilma Rousseff; do PT, com a força da sua militância e do atual governador, André Puccinelli que é hoje o líder inconteste nas pesquisas.
André Puccinelli já começou a mostrar sua preocupação porque se apoiar Dilma, naturalmente, o candidato da oposição – hoje José Serra – para não ficar sem palanque no Estado seria obrigado a
lançar a senadora Marisa Serrano como candidata ao governo. Coisa que André não quer, mas que a senadora quer demais.
Até aqui tudo estava indefinido começando pelo governador André Puccinelli que sempre quis o apoio de todo mundo para si – e até agora ainda continua querendo – mas ele próprio não diz quem apóia para presidente se Dilma ou Serra. Até para o Senado, que nesta eleição são duas vagas, não definiu quem apóia, se o deputado Valdemir Moka, o senador Valter Pereira ou Murilo Zauith, seu vice.
Agora está numa sinuca de bico também com Dourados, a segunda maior cidade do Estado e que mantém forte influência política em toda esta vasta região. Convidou Simone Tebet para ser sua vice, uma excelente escolha sem dúvidas, mas não se apercebeu da importância disso para os douradenses.
Ao convidar a prefeita de Três Lagoas para ser sua vice, deveria ao mesmo tempo fazer um passo na direção de Dourados convidando e abraçando publicamente a candidatura do douradense Murilo Zauith para uma das vagas ao Senado, assim prestigiaria a cidade e a região. Não fez e isso desgostou muita gente por aqui.
Os douradenses querem ver seus líderes políticos locais prestigiados. Hoje é o vice-governador – que bem poderia ser mais arrojado – amanhã, quem sabe, Geraldo Resende, ou Marçal Filho, ou Laerte Tetila, ou Zé Teixeira, para citar apenas os que estão mais em evidência. (Perdoem-me, mas até aqui não consegui visualizar no atual prefeito uma possível forte liderança no futuro; pois ainda não fez nada por merecer).
Não é utopia, nem simples imaginação minha, mas toda cidade que se preza precisa ter grandes lideranças nos setores essências de sua sociedade, tanto na religião, como na imprensa, ou ainda nas associações de classes, mas principalmente na política. Porque a política é a força maior que comanda e regula os principais órgãos públicos de uma cidade. Uma boa liderança política faz o
prestígio da cidade ainda maior.
Dourados é uma cidade pólo e tem a responsabilidade de ajudar, abastecer, socorrer e orientar mais de vinte municípios no seu entorno. Como imaginar uma cidade – a segunda maior do Estado – sem fortes lideranças, especialmente na política? É preciso, sim, lutar para tê-las e mantê-las.
Waldir Guerra *
* Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário
do Estado e deputado federal.