A UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) divulga oficialmente a Programação da Semana Integrada da Consciência Negra 2024, que será realizada nos dias 21 e 22 de novembro, sendo organizado em conjunto por três pró-reitorias – de Pró-reitoria de Ações Afirmativas, Equidade e Permanência Estudantil (PROAFE), de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) e de Desenvolvimento Humano e Social (PRODHS) e pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE).
O evento tem como objetivo proporcionar um espaço de discussão, reflexão e proposição acerca das relações étnico-raciais, políticas de ações afirmativas, intolerância religiosa, trajetória de cotistas e caminhos para construção de práticas antirracistas.
A vice-reitora da UEMS, professora Luciana Ferreira, que ocupa interinamente a responsabilidade da PROAFE, informa que essa pauta foi uma iniciativa da Divisão de Ações Afirmativas (DAAFE), na coordenação da professora Cíntia, e envolveu as demais pastas da universidade, tanto a PROEC e a PRODHS, porque é um tema que transversaliza toda a universidade.
“A programação está muito rica para poder debater que não basta sermos não racistas, nós precisamos ser antirracistas. Então, o debate é muito importante. Ele vem coadunar com políticas que nós temos trabalhado institucionalmente, política antirracista, anti-assédio, moral, sexual, misoginia. Então, é um conjunto de políticas institucionais em que precisamos avançar para que, de fato, possamos estar como uma universidade que é inclusiva”, ressalta Luciana.
Cartilha Antirracista digital está pronta e será disponilizada para acesso após lançamento oficial durante o evento.
De acordo com ela, o evento “é uma oportunidade de trazer debates e reflexões de grupos que pesquisam essa temática que nós avancemos na proposição da nossa política antirracista. Nessa oportunidade, serão apresentadas a minuta inicial dessa política, que foi organizada por uma comissão com representação de estudantes, professores e profissionais técnicos que debatem e que trabalham na pesquisa com a temática racial. Então, fica o convite aqui para a comunidade acadêmica aproveitar e estar conosco durante essa programação”, conclui a vice-reitora da UEMS.
Para a professora Erika Kaneta Ferri, da Pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC), a Semana Integrada da Consciência Negra é um momento crucial para reforçarmos nosso compromisso com a igualdade, a inclusão e a valorização das contribuições da população negra em nossa sociedade. “Celebrar essa semana é mais do que relembrar o passado; é construir o futuro. É uma oportunidade para aprendermos, dialogarmos e crescermos juntos, reconhecendo e respeitando a riqueza da cultura, da história e das lutas do povo negro. Que possamos usar esse tempo para inspirar mudanças positivas, promover a justiça social e garantir que a diversidade seja um valor vivo em nossas ações diárias”, informa.
A responsável pela PRODHS, Técnica Me. Vânia Morassuti, ressalta que a promoção de eventos como a I Semana Integrada da Consciência Negra é de grande relevância para a UEMS, pois fortalece a diversidade e a inclusão. Esses encontros oferecem um espaço para diálogos sobre questões raciais, valorizando vozes marginalizadas e promovendo a conscientização. Ao abordar temas como identidade e superação, formamos cidadãos mais engajados na luta por igualdade e justiça social, contribuindo para um ambiente acadêmico mais justo e representativo.
A professora Cíntia Diallo, responsável pela Divisão de Ações Afirmativas e Equidade (DAAFE), explica que o racismo é uma realidade na sociedade brasileira, que tem produzido desigualdades para a população negra, que se revelam nas condições sociais e econômicas, as quais parte significativa dessa população está submetida.
“Pesquisas revelam que pessoas negras são a maioria: nas atividades com menor remuneração; entre aquelas que tem a vida ceifada, por meio, violento; ou ainda, que recebem tratamento negligenciado nos serviços de saúde; ou ao ser inseridas, no mercado de trabalho tem seu potencial subaproveitado”, informa Cíntia.
A docente da UEMS conclui, lembrando que, no âmbito acadêmico o racismo se revela “na resistência as políticas de reserva de vagas, nas relações cotidianas, no percurso formativo marcadamente hegemônico e eurocêntrico dos cursos, assim como, na invalidação dos saberes e conhecimentos produzidos afro-brasileiros, negros/as da diáspora e africanos/as”.
É importante ressaltar que a UEMS nas duas últimas décadas têm promovido ações que colaboram para igualdade racial e o enfrentamento ao racismo, dentre elas, a reserva de vagas para pessoas autodeclaradas negras (preta ou parda) para ingresso nos cursos de graduação e pós-graduação.
Este ano as atividades em alusão ao dia da Consciência Negra foram organizadas conjuntamente pela PROAFE, CEPEGRE, PROEC E PRODHS, tal articulação releva que a instituição está atenta ao racismo que, infelizmente, se reproduz estruturalmente na sociedade brasileira. E, sinaliza que o enfrentamento das discriminações raciais e correlatas, concomitante a promoção da igualdade racial, da cultura antirracista e do bem viver se faz, por meio, de ações articuladas que envolvem toda a comunidade acadêmica.
Cartilha Antirracista de Verbetes
Na abertura da Semana Integrada da Consciência Negra, no dia 21 será lançada a Cartilha Antirracista, fruto de um esforço coletivo para apresentar termos e conceitos que são utilizados cotidianamente e que nem sempre estão explícitos ou compreensíveis a todas as formas de comunicação e interação social. A proposta desse instrumento é evidenciar que existem inúmeras e múltiplas formas de racismo e discriminações correlatas, necessitando assim, de estratégias e saberes para enfrentá-lo nos diversos espaços de convivência seja este acadêmico, profissional, familiar ou social.
A programação prevê, ainda, feiras, palestras, roda de conversa, presencial na Unidade de Dourados e transmitido pelo canal de Youtube da PROAFE < UEMS PROAFE - YouTube >. Além de, desfile de moda autoral, feira e oficina que serão desenvolvidas na Casa de Cultura e no espaço Como se lhama, confira as atividades.