O projeto de ação de desenvolvimento local com base em piscicultura dará início nesta quinta-feira, dia 31 de agosto, ao abastecimento de 21 tanques das reservas Indígenas Jaguapirú e Bororó, na reserva indígena de Dourados, para a criação de alevinos. São 13 tanques na Jaguapirú e oito na Bororó que receberão 105 mil alevinos de pacú e curimbatá, prevendo-se duas safras anuais com uma produção mínima de 37.000 quilos de carne de peixe. A idéia é abastecer um tanque por semana até alcançar os 21 que correspondem as duas reservas, para o manejo e engorda de peixes, no sistema semi-intensivo, totalizando cerca de 35.000 m2 de lâmina d’água, beneficiando diretamente 274 famílias com 1.382 pessoas e, indiretamente, todo o restante da população indígena que passarão a contar com uma produção de peixes disponível na sua própria comunidade. A ação é uma parceria com a Prefeitura de Dourados, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar, juntamente com a Associação Indígena Avaeté Onhondivepá Kaiowá e Terena/Terra Indígena de Dourados, o Idaterra e os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do Meio Ambiente com recursos da Carteira Indígena.O cadastramento das famílias beneficiárias foi feito levando em consideração as condições ambientais favoráveis de espaço, disponibilidade de água e topografia e a organização do grupo de famílias. Foram organizadas, pela Associação Avaeté Onhondivepá, diversas reuniões com todos os grupos, para discutir o projeto quanto ao melhor lugar, o tamanho ideal, o tipo de peixe a ser criado e, especialmente, a forma de gestão do tanque e o destino da produção, segundo a Presidenta da Associação, Profª. Teodora de SouzaSegundo o secretário Municipal de Agricultura Familiar, Huberto Paschoalik, a importância do projeto, a aceitação que a atividade da piscicultura teve nas Aldeias por parte da comunidade indígena e o potencial de produção que a atividade representa são bastante relevantes e cita números de consumo de carne de peixes, “a Organização Mundial da Saúde (ONU) recomenda um consumo mínimo de 12 quilos de carne de peixe por pessoa/ano. O Brasil consome, em média, cerca de 6,5 kg por pessoa /ano e ocupa a 10ª posição na América do Sul. O nosso projeto dispõe para o consumo, 27 kg de carne por pessoa beneficiária /ano e se fossemos posicionar este número no “ranking” sul-americano poderíamos dizer que os beneficiários do projeto na Terra Indígena de Dourados ocupariam o 3º lugar no consumo de peixes na América do Sul”, disse Huberto.O secretário destaca ainda a importância da piscicultura especialmente na Terra Indígena de Dourados “em razão da falta de terras para muitas famílias que não têm onde plantar para produzir alimentos” e que “nenhuma outra atividade conseguiria produzir tanta proteína animal nos espaços pequenos que dispomos, como a piscicultura, e com tão baixo impacto ambiental em razão do tamanho dos tanques, da sua distribuição espacial, do sistema semi-intensivo e da população de peixes de baixa densidade”. E ainda, “a piscicultura, além de ser uma atividade de segurança alimentar e uma alternativa de geração de trabalho e renda, desperta a comunidade para a necessidade de se proteger e conservar os mananciais de água internos já ameaçados pela atividade agrícola em maior escala”.Ao todo foram investidos R$ 409 mil no projeto com a construção dos tanques, duas alevinagens, a ração necessária para 360 dias, redes, tarrafas, ferramentas diversas e utensílios de manejo, corretivos, cercas de proteção para todos os tanques e assistência técnica permanente com cursos de capacitação e treinamento para todos os beneficiários.