Passageiros que estavam no ônibus da Expresso Queiroz que tombou às 3h desta terça-feira (3) na BR-463, entre Ponta Porã e Dourados, relataram o susto vivido nesta madrugada. Ao menos 10 das 32 pessoas a bordo foram trazidas para o Hospital da Vida. Mesmo sem ferimentos graves, ainda tentam retomar as rotinas, com escoriações, dores e dúvidas.
Ao Dourados News, o diretor administrativo da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), Mateus Tavares Fernandes, informou que 10 pacientes deram entrada na unidade hospitalar com escoriações leves e moderadas causadas pelo acidente. “Sete já foram reavaliados e liberados, já 3 pacientes estão aguardando avaliação da cirurgia geral, mas todos orientados”, detalhou.
Na porta do hospital, a reportagem conversou com Renato Pereira da Silva, de 31 anos, que estava a caminho de Dourados quando houve o acidente. Com a bagagem nas mãos, ainda sentia dores nas costelas do lado esquerdo do corpo, mas explicou que a recomendação médica após o susto “é repouso, ficar tranquilo”.
“Só vi quando o Ônibus rodou e saiu deslizando. Eu vi que não tinha acontecido nada comigo, saí pela janela, pulei para o mato e fui para a rodovia. Aí nós começamos a ajudar as vítimas e a pedir socorro. Parou um carro e pedimos para chamar a polícia. Depois o socorro já chegou”, relata.
Renato disse que estava na poltrona 32, no meio do ônibus. “Na hora eu queria é sair lá de dentro o mais rápido possível. Consegui ajudar uma criança a sair. Esperamos uns 40 minutos. Ficamos ajudando a tirar o povo de dentro”, acrescenta.
Morador em Amambai, Jonas Santos de Araújo, de 50 anos, ia para Campo Grande fazer retorno médico porque fez cirurgia de troca de válvula no coração há um ano e um mês. “Eu estava dormindo e só percebi o barulho e os cacos de vidro. Não pude socorrer muita gente por causa do problema de saúde”, afirmou, com escoriações pelo corpo e um pequeno corte na mão esquerda.
“O susto foi grande, muita gritaria, tinha crianças, mulheres”, pontua. Mesmo com a recomendação para repousar e tomar os remédios, ele agora tenta remarcar o retorno na Capital, que estava agendado para 8h de hoje.
Luilerson Dias, de 34 anos, saiu da recepção hospitalar com as roupas sujas e expressão de desconforto. Estudante de medicina no Paraguai, ele estava somente no início do trajeto de volta à casa, no Amapá, e agora tentava saber como faria para continuar essa viagem.
“Eu estava dormindo na hora do acidente. Acordei com as coisas caindo em cima de mim, as malas, tudo. Foi um susto. Acordei já com o ônibus virando. Bati a cabeça e desacordei. Uma pessoa me acordou depois de alguns minutos, fiquei desorientado durante um tempo, depois essa pessoa me tirou do ônibus. Eu bati muito a parte das costelas e não consegui sair por conta própria, fui carregado. Fiz radiografia agora, graças a Deus não fraturou nada. Agora é esperar melhorar para voltar para casa,”, narrou.
Ele elogiou a agilidade do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros Militar no socorro, mas queixou-se da empresa do ônibus. “Samu e Bombeiros chegaram rápido, foram bem eficientes. Motorista e o auxiliar do ônibus foram bem gentis e ajudaram bastante, mas a empresa em si chegou para coletar as malas e não deu atenção para gente”, alegou.
Residente em Campo Grande, Eva Santana Rodrigues, de 52 anos, voltava para casa quando foi surpreendida com o acidente. “Eu estava acordada. Eu vi só o ‘trem’ virando e mais nada, não sei nem como saí lá de dentro. Só saí de lá com dor e no susto. O susto foi muito grande. Estava cheio de gente, tinha um pouco de gente um em cima do outro”, descreveu.
Liberada pela equipe médica, também tentava entender como vai poder seguir viagem. “Agora estou me sentindo bem. Dor só um pouquinho no lado. Parece que o mundo estava rodando”, disse.
Procurada pelo Dourados News, a Expresso Queiroz assegurou que está “entrando em contato com as famílias dos passageiros".