O pós-doutor em Letras Valdir do Nascimento Flores, professor da Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) palestrou para um auditório cheio na unidade sede da UEMS em Dourados, na manhã desta terça-feira (24). Durante a apresentação, o pesquisador polemizou ao defender que a discussão sobre o uso informal da língua seja contemplada no ambiente escolar.
Citando Mato Grosso do Sul, Valdir afirma que em regiões de fronteira fica ainda mais evidente a necessidade de se refletir sobre o uso cultural da língua. “A língua é um todo vivo que vai se transformando com o uso de cada falante”, diz Valdir.
“Muitas vezes nós (professores de português) somos os únicos na escola que não falamos sobre a realidade. Ficamos só falando sobre como deveria ser (a língua) e deixamos de refletir sobre como ela é realmente”, afirma o pós-doutor. Flores rebate ainda a crítica de que a escola deva ensinar somente o uso formal da língua, já que o "errado" (informal) os alunos já utilizam naturalmente em seu cotidiano. Para ele, a escola tem que estimular os alunos a refletirem suas realidades, ao mesmo tempo em que desnvolvem subsidios para se posicionarem criticamente diante dela.
Polêmica
O livro comentado por Flores na UEMS, intitulado “Por uma vida melhor”, combate o preconceito contra os “erros” de português na língua falada. Um capítulo do livro diz, por exemplo, que na variedade linguística popular, pode-se dizer "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado". Na página 15, o texto apresenta o seguinte trecho: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".
A publicação logo ganhou as páginas dos jornais brasileiros movimentando o posicionamento de críticos do tema. Em entrevista ao jornal Folha de SP, o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, se opôs ao tema abordado no livro didático. "Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural", diz.
Uma das autoras do livro, Heloísa Ramos, esclareceu na mesma reportagem da Folha que a citação polêmica está num capítulo que descreve as diferenças entre escrever e falar, mas que a coleção não ignora que "cabe à escola ensinar as convenções ortográficas e as características da variedade linguística de prestígio".
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