A comunidade indígena do Mato Grosso do Sul perdeu no sábado uma das suas maiores líderes. A índia Marta de Souza de 61 anos, a Marta Guarani, morreu de hipoglicemia em Campo Grande, devido às sessões de hemodiálise a que vinha sendo submetida. Marta Guarani era presidente da Associação Kaguateca que reúne as aldeias Kadiuéu, Guarani, Terena e Caiuás. Ela também era membro titular do Conselho dos Direitos das Mulheres de Mato Grosso do Sul e representante das comunidades indígenas na Organização das Nações Unidas a ONU. Sobrinha do líder Marçal de Souza, assassinado em 1983, Marta assumiu o papel do tio e continuou a luta por mais terras e pelos direitos de todas as comunidades indígenas do Estado. O Governador Zeca do PT ficou sabendo da morte de Marta em Aquidauana e decretou luto oficial no Estado. Em Dourados o prefeito Laerte Tetila (PT) também decretou luto oficial. Depois de ser velado na Assembléia Legislativa o corpo de Marta Guarani foi levado para Dourados em um avião fretado e do aeroporto seguiu em uma viatura do Corpo de Bombeiros até a casa de uma irmã na reserva indígena do Jaguapiru. A morte da líder causou comoção entre os índios e as pessoas que conheceram a líder. O deputado Federal João Grandão do PT, disse que o trabalho de Marta extrapolava as questões indígenas. “Ela por tudo que passou na vida, por sofrer e ver o sofrimento de seu povo, compreendia a dor dos mais fracos e daqueles colocados de alguma forma à margem da sociedade”, disse o deputado petista. Já o indígena Celso Mamede, disse que o exemplo de Marta precisa ser seguido pelos mais jovens das aldeias. “Aos poucos estamos perdendo nossos referenciais de cultura e luta. Ela vai fazer muita falta para o nosso povo”, disse o jovem que estava visivelmente emocionado. O corpo de Marta Guarani foi enterrado no final da tarde em um cemitério indígena da aldeia Jaguapiru. Nascida em Dourados ela tinha demonstrado o desejo de ser enterrada na cidade. (Antonio Coca)
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