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Projeto com doulas comunitárias é implantado em hospital de Dourados

26 setembro 2017 - 18h50


A partir do próximo mês de outubro, gestantes que forem internadas para ter seus bebês na Maternidade do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) poderão contar com mais um serviço: o acompanhamento por doulas voluntárias. Trata-se do estágio prático das alunas capacitadas pelo I Curso de Formação de Doulas Comunitárias do HU-UFGD.

As inscrições foram abertas em maio e, diante da grande procura, o processo seletivo foi realizado em duas etapas, nos meses de junho e julho. As aulas tiveram início em agosto, com encontros presenciais realizados em fins de semana alternados.

Ofertado pelo próprio hospital, o curso tem um total de 80 horas, divididas em módulos teóricos e estágio prático supervisionado. O último módulo teórico será realizado no próximo fim de semana (30 de setembro e 01 de outubro). Para cumprir o módulo da prática, cada aluna terá que realizar seis plantões, de seis horas cada, cumpridos aos finais de semana, feriados ou no período noturno, conforme escalas elaboradas de acordo com a disponibilidade das voluntárias.

Após o estágio, as doulas comunitárias que desejarem poderão permanecer na escala e dar continuidade ao serviço. Por se tratar de trabalho voluntário, as doulas comunitárias estarão vinculadas ao serviço por intermédio da Associação dos Voluntários do HU-UFGD (AVHU-UFGD).

A fisioterapeuta Angela Rios, coordenadora pedagógica do curso, conta que está vivendo a realização de um projeto antigo. "Este curso é resultado de um amadurecimento do trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos em nossa maternidade. Nosso objetivo é levar às mulheres informação sobre o processo de gestação, parto e nascimento, para que elas possam tomar decisões conscientes e informadas sobre o seu parto. As doulas formadas neste curso serão capazes de promover esse conhecimento em suas comunidades", diz Angela.

Para a médica obstetra Fernanda Borges, que ministrou conteúdo durante o segundo módulo teórico do curso, a presença das doulas voluntárias será um diferencial no atendimento do HU-UFGD. "Esperamos que a atuação das doulas comunitárias venha para somar na assistência multiprofissional prestada à parturiente em nosso serviço, já que além do apoio emocional à gestante, elas poderão contribuir na propagação de informações sobre os benefícios do parto normal para a mãe e o bebê", afirma.

"Este é um projeto estratégico e está entre nossas prioridades, pois é uma inovação no atendimento e obedece às políticas de humanização e boas práticas de atendimento ao parto e ao nascimento. Além disso, é um grande instrumento de participação social, pois integra as pessoas da comunidade ao trabalho que estamos realizando", comenta a superintendente do HU-UFGD, Mariana Croda.

Comunidade

Com a conclusão do curso, as doulas estarão aptas também a atuar em suas comunidades, tanto no acompanhamento individual quanto na condução de grupos de gestantes. Várias das doulas em formação no HU-UFGD são Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs), inclusive ACSs indígenas. No grupo há ainda donas de casa, bancárias, pedagogas, comerciárias, uma policial militar, uma bombeira militar, empresárias, secretárias, recepcionistas e funcionárias públicas.

"Informação é tudo, e, com o curso, estamos nos capacitando para ajudar as mulheres e terem mais conhecimento sobre essa fase tão significativa em suas vidas, que é a gravidez, e para se sentirem seguras durante o trabalho de parto. Porque a gente sabe que muitos problemas são gerados pelo medo e pela falta de informação", avalia a aluna Suelene Menezes.

A futura doula Ângela Dias conta que é grande a expectativa pelo início do trabalho: "É muita emoção. Acho que ser doula será como ser mãe novamente, a cada gestante que a gente acompanhar", diz.

Já para Gelcinda Vieira, o voluntariado foi a motivação para se inscrever no curso: "O trabalho voluntário é muito gratificante, e foi o que me atraiu para este curso. Está sendo um aprendizado maior do que eu esperava, e o fato de poder ajudar o próximo, de auxiliar as mulheres num momento tão importante, é o que me encanta mais", afirma.

"Ser doula é acreditar que o nascimento de um bebê pode acontecer da forma mais natural possível, respeitando as mulheres, e trabalhando para que estejam informadas sobre suas decisões e escolhas", diz a aluna Flávia Lencina. Laís Bevenutti, também futura doula, completa: "Acredito que se trabalharmos com união e amor, vamos ajudar a nascer um mundo melhor".

"A função da doula é de extrema importância para a parturiente, e o melhor do curso é que possibilitará o acesso a doulas na rede pública, contribuindo para uma acolhida mais humana para as mulheres atendidas pelo SUS, pois é algo que toda mulher deveria ter como possibilidade", conclui a aluna Catarina Guerchi Nunes.

O que faz uma doula

Desde janeiro de 2013, a ocupação de doula é reconhecida pelo Ministério do Trabalho, inscrita no Código Brasileiro de Ocupações (CBO) sob o número 3221-35.

Durante a gestação, ou mesmo desde antes da concepção, a doula pode orientar o casal sobre o que esperar da gravidez, do parto e pós-parto. Ela explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente, para o parto, das mais variadas formas.

Durante o parto, a doula ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento. Após o parto, ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

A doula não substitui o pai ou o acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto. Muito pelo contrário: a doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.

O que a doula não faz

A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.

Vantagens

Pesquisas realizadas em diversos países têm demonstrado que a atuação da doula no parto pode diminuir em 50% as taxas de cesárea, diminuir em 20% a duração do trabalho de parto, diminuir em 60% os pedidos de anestesia, diminuir em 40% o uso da ocitocina sintética (sorinho), e reduzir em 40% o uso de fórceps.

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