Dando sequência ao artigo anterior, no qual discorro sobre possíveis prioridades para destinação dos recursos obtidos com o Fonplata, concluo aqui abordando as duas últimas ações prioritárias.
A terceira prioridade diz respeito à implantação do Parque Linear do Paragem. Aqui não se trata, no entanto, de um mero parque, corresponde a algo mais complexo. O que estou denominando, de forma ligeira, de parque linear, na verdade envolve um parque urbano (Arnulpho Fioravante), um dos fundos de vale melhor preservados da cidade (o córrego Paragem) e a única Unidade de Conservação urbana de Dourados (Parque Natural Municipal do Paragem).
O objetivo aqui é integrar o Parque Arnulpho Fioravante com o Parque Natural Municipal do Paragem através de um extenso corredor verde (fundo de vale do córrego Paragem). A população douradense passaria a contar com uma extensa mancha verde de aproximadamente 3,5 km de extensão no interior da cidade que atenderia a diversos propósitos: preservação ambiental, lazer, paisagismo e mobilidade urbana.
Para viabilizar essa empreitada seria necessário um conjunto de medidas. A primeira delas, a qualificação do Parque Arnulpho Fioravante. Hoje, essa área encontra-se próxima á situação de abandono, apesar de seu extraordinário potencial para o lazer e a sustentabilidade. A intervenção aqui não exigiria muito: implantação de trilha de caminhada com pavimento e sombreamento com o plantio de árvores, iluminação, paisagismo, paraciclos, píer no lago e pedalinhos, mobiliário urbano (bancos com encostos, pontes e sinalização) e pórtico de entrada com guarita. Embora modestos, o único pré requisito para serem bem sucedidos é que estes equipamentos sejam de qualidade e visualmente atraentes.
A segunda medida corresponderia ao cercamento da mata ciliar do córrego Paragem que serviria de eixo de integração entre os dois parques mencionados acima. Complementarmente, a instalação de duas avenidas em cada lateral deste eixo, (vias parques).
Paralelamente a elas a implantação de ciclovias com arborização nas margens para sombreamento e pista de caminhada para usufruto da grande população circunvizinha.
Por último, a conclusão das infraestruturas previstas originalmente no projeto de implantação do Parque Natural Municipal do Paragem (cercamento, pórtico e guarita, prédio administrativo e laboratório além da trilha de caminhada em seu interior). Aqui, no entanto, a intervenção terá que dar um passo mais ousado. A vizinhança dessa unidade de conservação conta com áreas surpreendentemente preservadas de mata atlântica. Elas precisam ser desapropriadas para serem incorporadas ao Parque Natural que aliás possui uma extensão muito raquítica de tão somente 15,7 ha. A adição destas áreas extras ao Parque seria essencial, não apenas para ampliar a unidade de conservação, mas para assegurar a preservação destas extensões de mata atlântica que na atualidade encontra-se em mãos privadas.
É difícil expressar os ganhos que um projeto como este poderia oferecer à comunidade, não apenas em termos ambientais e de laser, mas também no aspecto estético, paisagístico e de orgulho cívico. Tal área verde rapidamente galgaria o status de um dos locais simbólicos da cidade, o tipo de símbolo que contribui para construir a identidade de um lugar.
A quarta e última prioridade diz respeito à construção de uma biblioteca pública municipal. Não um prédio acanhado e inexpressivo que é o que habitualmente o poder público costuma destinar à atividade educativa/cultural. Mas uma edificação que expresse um belo exemplo de arquitetura cívica, um estilo arrojado que gere orgulho à comunidade e que contribua para gerar um símbolo identitário para a cidade. Essa iniciativa seria um contraponto à atual Biblioteca Municipal Vicente de Carvalho situada na praça Antônio Alves Duarte (praça do Transbordo). Ela é a mais antiga biblioteca pública da cidade e está prestes a ser reaberta após a reforma da referida praça
Embora tenha desempenhado um papel de grande importância no auxílio a jovens estudantes e na formação de leitores douradenses, a Biblioteca Municipal é abrigada em um local minúsculo que até antes da reforma da praça caracterizava-se pela precariedade de seu mobiliário e acervo. Os recursos do Fonplata, porém, podem mudar essa sina ao dotar nossa cidade de uma biblioteca que venha a ser um marco (por sua arquitetura e por sua multifuncionalidade) não apenas para a cidade, mas para toda a região do entorno.
Em Dourados, há já bastante tempo, talvez em função da precária situação financeira da prefeitura, consolidou-se o hábito de pensar bem pequeno, de executar obras triviais que estão bem aquém da capacidade e da necessidade da cidade. Precisamos superar essa claudicância nas intervenções públicas. Carecemos de projetos na exata proporção do porte de nosso município.
*Professor de Planejamento Urbano.
E-mail: mariotompes522@gmail.com
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