Dourados é o município do interior com o maior número de emissões da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) em Mato Grosso do Sul, com 651 carteirinhas emitidas. O número coloca a cidade atrás apenas da capital, Campo Grande, que contabiliza 1.661 documentos, segundo dados da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (SEAD).
A CIPTEA foi criada para garantir a atenção integral, o pronto atendimento e a prioridade no acesso a serviços públicos e privados, especialmente nas áreas de saúde, educação e assistência social. O documento é gratuito e totalmente digital, e pode ser solicitado por meio do site https://ciptea.ms.gov.br.
O chefe de comunicação da SEAD, Paulo Fernandes, explica ao Dourados News que o processo de solicitação é simples e acessível a todas as famílias. “A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) é digital e totalmente gratuita. Basta acessar o site preencher os dados e anexar os documentos solicitados”.

Ainda conforme Fernandes, o documento é liberado em até 30 dias após a análise da documentação. “Após análise do requerimento pela Secretaria-Executiva de Assistência Social (SEAS/SEAD), a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), será disponibilizada por meios digitais, cabendo ao interessado ou pessoa responsável, promover sua impressão e plastificação”.
Atualmente, 4.319 carteiras já foram emitidas em todo o Estado. Além de Dourados e Campo Grande, os municípios de Três Lagoas (475) e Ponta Porã (123) também se destacam. Na região da Grande Dourados — que inclui cidades como Caarapó, Itaporã, Vicentina, Fátima do Sul e Rio Brilhante — já foram emitidas 889 carteiras.
“A CIPTEA garante a atenção integral, o pronto atendimento e a prioridade no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. Além disso, a Ciptea substitui laudo médico para garantir desconto de 60% no IPVA, no caso de menores de 18 anos com o transtorno”, detalhou Paulo Fernandes.

MÃE DE AUTISTAS
Morando em Dourados há nove anos, a fotógrafa Tatiane de Sousa Tavares, de 44 anos, é mãe de quatro filhos — de 19, 15, 13 e 11 anos — todos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e já com a CIPTEA emitida.
Tatiane contou ao Dourados News que ficou sabendo da existência da carteira por meio da assistente social da AAGD (Associação dos Amigos do Autista de Dourados), e decidiu solicitar o documento por entender a importância da identificação em locais públicos.
Foto: Tatiane de Sousa Tavares
“Para facilita a identificação deles, eles têm Autismo Nível de Suporte 1 e onde a gente vai em busca de algum atendimento falo que eles são autistas e as pessoa olham e falam ‘nossa, mas não tem cara’. Com a carteira a identificação é mais fácil e não precisa de tanta explicação”.
O processo, segundo ela, foi simples e totalmente online. “Fiz tudo de forma digital, rápido e prático e bem explicativo o site, fácil de entender, não tive dificuldade no preenchimento”.
A fotógrafa destaca que recebeu o documento em poucos dias. “Não demorou uns 10 dias, tive que fazer algumas correções que eles mandam e logo em seguida já recebi o PDF da carteira”. No dia a dia, Tatiane afirma que o documento trouxe mais segurança e respeito ao atendimento de seus filhos.
“Eles a usam no pescoço então a identificação já está ali aparente e não preciso, mas fica falando. Meu filho de 18 anos ele usa na carteira, já apresentou na faculdade. Mas nos postos de saúde ou quando precisa de atendimento prioritário eu já entrego junto com a identidade”.
Foto: Arquivo Pessoal
Para ela, a CIPTEA representa mais do que um documento: é um instrumento de inclusão. “O autista nível 1 e muito tachado, tem muito preconceito por não estar na ‘cara de autista’ como a sociedade fala. Mas não sabem como o autismo nível 1 é muito desafiando. A carteira traz isso, a informações completa sem precisa se justificar tanto”.
Apesar da importância, Tatiane acredita que ainda falta divulgação sobre o direito à CIPTEA. “A divulgação está muito devagar e todos deveria ter acesso a elas, se não fosse a AAGD eu não saberia dessa carteira e de outros benefícios que eles têm, falta, mas informações e divulgação”.
Tatiane também sugere melhorias para a ferramenta digital. “Eu só achei uma falta que a CIPTEA deveria fazer. Esse scanner, quando você escaneia esse QR Code, aparece o telefone de contato dos pais. Ótimo. Mas eu acho que ali deveria ter o laudo também pois eles pedem todos os documentos”.
Foto: Arquivo Pessoal
Ela aproveita para deixar um recado às mães que ainda não solicitaram a carteira dos filhos. “Faça porquê é um direto dos seus filhos, uma forma de identificação e cuidado pra eles pois nela tem todas as informações necessário para caso de alguma emergência”, finaliza.
COMO SOLICITAR A CIPTEA
A solicitação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) pode ser feita no site https://ciptea.ms.gov.br. O cadastro é gratuito e deve conter documentos como identidade da pessoa com TEA, identidade dos responsáveis legais, laudo médico e foto recente.
Nos casos de imigrantes ou residentes fronteiriços, também são aceitos documentos como Carteira de Registro Nacional Migratório.
Em caso de dúvidas, a SEAD disponibiliza o telefone (67) 3318-4117 e o e-mail ciptea@sead.ms.gov.br.
“A sociedade tem um papel fundamental na efetivação dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para tanto, é preciso reconhecer e respeitar o direito à prioridade”, reforçou Paulo Fernandes.
Com o aumento das emissões e o apoio das instituições, a expectativa é que mais famílias, como a de Tatiane, possam se beneficiar da CIPTEA, garantindo respeito, visibilidade e inclusão às pessoas com autismo em Mato Grosso do Sul.
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Mãe de quatro filhos autistas destaca importância do documento na inclusão e no respeito aos direitos - Crédito: Tatiane de Sousa Tavares