A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) está promovendo o curso de Gestão Inclusiva na Educação Especial (GIEE), em parceria com a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores (RENAFOR/MEC). O curso de aperfeiçoamento tem 180 horas de duração e é voltado a professores e profissionais da educação básica das redes municipal, estadual e federal da Grande Dourados.
Com formato presencial, o curso atraiu 441 inscritos, dos quais 332 seguem frequentando as aulas. A maioria dos participantes é de Dourados, mas muitos vêm de outras cidades da região incluindo Fátima do Sul, Itaporã, Rio Brilhante, Vicentina, Caarapó e Ponta Porã. Segundo a coordenadora do projeto GIEE/UFGD, professora Jane Corrêa Alves Mendonça, o curso se destaca pela baixa evasão e diversidade dos cursistas, com 43 indígenas participando.
A iniciativa de formar uma turma do GIEE na UFGD partiu do Grupo de Pesquisa de Ocupação de Vagas Efetivas da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (GPOVE/FACE). Desde 2020, o grupo investiga as causas da evasão no ensino superior, e em especial nos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia da UFGD. A professora Jane afirma que o grupo identificou a falta de acessibilidade como um dos principais desafios. “A inclusão precisa ser mais do que um discurso; deve ser parte de nossa prática cotidiana. O ato de incluir começa com uma abordagem gentil, uma comunicação receptiva, que permita aos alunos expressarem como se sentem e quais são suas necessidades,” ressalta a professora Jane.
Com o curso GIEE, a equipe da FACE visa apoiar a inclusão na educação básica, refletindo sobre como esses alunos podem ter uma trajetória educacional mais inclusiva até o nível superior. “Quando a RENAFOR ofertou a possibilidade de abrir esse curso abordando o tema da inclusão nas escolas, avaliamos que nós, professores universitários, poderíamos aprender muito com os professores da educação básica, pois eles é que vão formar os alunos que vão chegar na universidade um dia. Temos um número muito grande de crianças que estão chegando nas escolas com questões de aprendizado diferencial, e essas crianças precisam ser acolhidas na escola, para não desistir dos estudos e chegar na faculdade com uma boa formação”, relata Jane.
IMPACTO POSITIVO
A prefeitura de Fátima do Sul é uma apoiadora do projeto, pois divulgou a formação junto aos professores do município e disponibiliza transporte semanal para mais de 20 professores que vêm até Dourados fazer o curso. A secretária municipal de Educação, Dalva Quirino da Silva Martins, destaca que o curso é essencial para qualificar os professores e incentivar uma gestão escolar mais inclusiva. “Percebemos nos professores o entusiasmo, o engajamento na busca de conhecimentos para melhor prática no ato de inclusão. Como gestora, me enobrece auxiliar na oportunidade de que nossa rede possa compartilhar experiências e aprender com colegas de outros espaços. É perceptível que a equipe de Educação Especial está mais comprometida e coesa. Por fim, creio que deixamos um legado de uma educação mais justa e inclusiva”, avalia Dalva.
Para Giane Denis Schaffer, uma das cursistas, o GIEE tem sido transformador: “Não perco nenhuma aula. Estamos aprendendo muito sobre inclusão e desenvolvimento de projetos pedagógicos”. Giane atua oferecendo reforço escolar para crianças que estão com dificuldades de acompanhar o conteúdo trabalhado na escola, e afirma o quanto a inclusão nas escolas é importante: “No reforço escolar, percebemos nitidamente como a falta de ações de inclusão nas escolas pode prejudicar o aprendizado da criança. Muitas vezes, não é o educando que é incapaz de aprender determinado conteúdo, o que falta é uma abordagem pedagógica mais adequada para as especificidades dessa criança”, analisa Giane.
Lisiane Borges de Melo Basso, que é professora na Escola Municipal Iria Lucia e na Escola Estadual Castro Alves, e também é aluna do GIEE, afirma que a educação inclusiva é o caminho para uma sociedade mais justa e igualitária. “O curso está proporcionando uma base sólida em teorias que me permitem pensar e criar ambientes de aprendizagem mais acessíveis, personalizados e que atendem às diversas necessidades dos estudantes”, explica Lisiane.