segunda, 17 de março de 2025
Dourados
23ºC
Acompanhe-nos
(67) 99257-3397
REGIÃO NORTE

Sem solução para áreas invadidas em Dourados, PM teme enfrentamentos graves

25 setembro 2019 - 11h01Por Vinicios Araújo

Com propriedades invadidas há mais de 60 dias, clima de tensão entre produtores e indígenas preocupa o comando da Polícia Militar e liderança na aldeia de Dourados. A disputa pela reintegração de posse em áreas localizadas às margens da avenida Guaicurus e Anel Viário, tem colocado sitiantes e invasores em risco iminente de confronto. 

Conforme noticiado pelo Dourados News, índios armados com flechas, armas de fogo, pedaços de pau e até com fogos, têm levado terror para as famílias que moram naquelas localidades. Em contrapartida, segundo o líder indígena Gaudêncio Benitez, seguranças contratados para defesa patrimonial da área também apresentam risco. 

Recentemente um morador da aldeia foi baleado sob acusação de invasão de área protegida, mas em entrevista ao Dourados News, Gaudêncio garantiu que a vítima não tinha intenção de ocupar a área e sim recuperar animais que haviam fugido da propriedade dele dentro da aldeia. 

Nesta manhã (25) o comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar de Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, disse ao Dourados News que a situação nas áreas é preocupante e, caso não houver prosseguimento jurídico nas tratativas sobre quem é dono da terra, muito em breve devem ocorrer enfrentamentos graves. 

“Eles [os indígenas] têm agido realmente de forma baixa, agressiva, não só contra os proprietários, mas também contra os policiais. O fato é que a gente precisa que nesse tipo de crime denunciado [ameaça, tentativa de homicídio, lesão], seja feita investigação para poder pedir a prisão dos envolvidos ou ser feita a prisão em flagrante”, afirma.

O comandante explica que a atuação da polícia nesses locais tem sido cautelosa devido o número de indígenas invasores, cerca de 70 conforme já noticiou o Dourados News, e ainda pelo fato de muitos deles estarem armados. 

“Hoje a PM vem fazendo o policiamento naquela área, em caráter preventivo com a finalidade de evitar confrontos. Mas, se caso a gente tiver condições de prender em flagrante algum dos indivíduos ali nós vamos prender. E não só do lado dos indígenas, mas aos proprietários também. Caso a guarnição presencie alguma ocorrência de agressão vamos autuar também”, explicou.

Carlos Silva reconheceu a legitimidade que muitos desses grupos têm em buscar a posse de terra consideradas desapropriadas, no entanto ele ressalta que o que ocorre em Dourados é baderna. 

“Se as autoridades que têm poder sobre esses indivíduos aí, já que alguns são protegidos, não agirem, daqui a pouco vamos ter situações bastante graves”, previu. 

O tenente também destacou que por parte das forças policiais nenhum departamento tem sido inerte diante da situação. Ele explica isso dizendo que os crimes registrados nas invasões são de competência da Polícia Militar e que não estão sendo medidos esforços para garantia da ordem. 

Inclusive, segundo o comandante, recentemente um dos produtores com área invadida precisou de escolta policial para conseguir plantar e colher na propriedade. 

“Ali são sítios, não fazendas grandes. São pequenos produtores, que estão sofrendo bastante com essa situação. Enquanto não solucionar juridicamente essa situação, determinando se é ou não propriedade indígena, vamos continuar enfrentando essa situação. Enquanto isso, fica a Polícia Militar no meio tentando solucionar esses problemas e às vezes não vamos conseguir, infelizmente”, finalizou.

Também em entrevista ao Dourados News, o líder indígena Gaudêncio Benitez manifestou preocupação com as invasões.

“Eu vejo que as autoridades precisam tomar providências. Enquanto liderança já fiz a minha parte, já conversei com o pessoal. Infelizmente a gente não consegue dominar essa gente se eles começarem a se revoltar. Ninguém toma providências para esse conflito. Somos de paz, eu sou de paz e tenho levado isso para o povo. Mas infelizmente ninguém toma providências, e aí aconteceu como na semana passada que o senhor tomou tiro no braço. A minha indignação é que ele não tinha nada a ver com o que está acontecendo. Ele é um pai de família, homem trabalhador, tem a hortinha dele, a criação. Segundo ele, os bichos escaparam e foi para o lado da roça do homem lá e aí encostou uma caminhonete e atiraram contra ele”, afirma. 

Para Gaudêncio, falta atuação do Ministério Público Federal, Polícia Federal e Polícia Militar para fazer a conciliação entre os produtores e indígenas. Ele também garante que o grupo é integrado por indígenas de Dourados e outras cidades da região. 

O líder reconhece que há falhas entre os indígenas, inclusive alguns que fazem o consumo de bebida alcoólica e tomam atitudes que não são coerentes com a causa.

No entanto, acusa também os seguranças patrimoniais de lançar fogos contra as comunidades. 

“Isso revolta o povo. Eu falo, a gente precisa de um diálogo para resolver essa situação e se tem gente dando tiro lá, seja indígena ou segurança, tem que penalizar isso aí. Estamos aí para diálogo, para tentar amenizar isso. Tem que descer o MPF, PF, PM, lideranças para fazer essa conversa. O que a gente quer é paz aqui”, finalizou.

Deixe seu Comentário

Leia Também

BRASIL

Proposta torna hediondo crime de roubo de criança e eleva pena de seis para dez anos de prisão

BRASIL

Apostas para a Dupla de Páscoa começam nesta segunda-feira

Riedel ouve coletivo com demandas e sugestões para fortalecer proteção às mulheres
MATO GROSSO DO SUL

Riedel ouve coletivo com demandas e sugestões para fortalecer proteção às mulheres

Yuri pede adesão de Dourados ao Programa "Porteira Pra Dentro"
CÂMARA

Yuri pede adesão de Dourados ao Programa "Porteira Pra Dentro"

TURISMO

Feriados prolongados em Abril: programe-se para conhecer o Brasil

LEGISLATIVO DE MS

Zé Teixeira busca infraestrutura para Nova Alvorada do Sul

ANÁLISE

Projeto prioriza pessoas com câncer na adoção de criança ou adolescente

CAMPO GRANDE

Músico que agrediu jornalista volta ser preso

PONTA PORÃ

Mutirão para inclusão leva identidade e título para comunidade indígena

ALDEIA JAGUAPIRU

Suspeito de matar homem a facadas em Dourados continuará preso, decide Justiça

Mais Lidas

FÁTIMA DO SUL

Clínicas de recuperação para dependentes químicos são fechadas durante operação

AVIAÇÃO CIVIL

Com pista entregue, corrida agora é para atrair companhias aéreas a Dourados

CÂMARA DE DOURADOS

Souza alerta sobre o crescente número de moradores de rua em Dourados e cobra providências

INVESTIMENTOS

Prefeitura e governo do Estado lançam obras de infraestrutura em Dourados