Com 28 anos, Fernanda Willemann de Souza, moradora em Dourados, é cadeirante desde os sete, após acidente com arma de fogo onde teve uma lesão medular e perdeu o movimento das pernas. Entretanto, demorou anos até que ela conhecesse o termo “Capacitismo”, uma forma de preconceito velada e que, geralmente, fica fora dos holofotes.
O termo tende a resumir as pessoas com deficiência apenas nisso, tratando-as como incapazes ou superestimando o fato delas frequentarem uma escola, faculdade, trabalhar, ir para a academia, ou mesmo amar, ter relacionamentos, entre outros.
Em 2018, após ouvir uma amiga falar sobre a temática, ela resolveu pesquisar e estudar sobre o assunto até então desconhecido. Normalmente, as atitudes capacitistas são vistas como inofensivas pela sociedade, por isso, até quem vive na pele demora para perceber.
A partir do entendimento sobre o tema, Fernanda resolveu gritar para o mundo "minha vida não serve de exemplo para você agradecer pela sua". O trecho foi retirado de uma das suas postagens publicada na rede social, espaço que utiliza para conscientizar as pessoas sobre essa forma de preconceito.
Online, ela aborda o assunto por meio de vídeos e textos. Fernanda diz que foi um momento de redescoberta como pessoa “percebi de fato que a imagem que tinham de mim era totalmente distorcida justamente pela minha deficiência. E isso é capacitismo. É você resumir a pessoa a deficiência que ela tem”, explicou.
Elogios em contextos que não costumam acontecer com uma pessoa sem deficiência também são usuais.
“Sempre tem um comentário relacionado a minha condição, ou até mesmo um elogio, como se eu fosse uma super-heroína por continuar sorrindo diante de uma vida ‘tão ruim’ quanto a minha”, enfatiza ela.
“Os olhares de pena e tão reflexivos são carregados de preconceito e eles me perseguem pra onde vou, seja sozinha, acompanhada, viajando ou fazendo algo comum do meu dia-a-dia”. O capacitista subestima ou superestima uma ação normal em função da deficiência da pessoa.
Um exercício simples, mas que pode revelar se você leitor já foi um capacitista é pensar se em algum momento já olhou para uma pessoa com deficiência e agradeceu pela sua própria vida? Se a resposta for sim, você pratica o “preconceito velado”.
Projeto “Vamos Além”
Além de falar sobre o capacitismo em suas postagens, Fernanda é idealizadora do projeto “Vamos Além” que aborda a questão de acessibilidade, por meio de uma palestra em formato de bate-papo interativo com alunos do ensino médio e superior.
“A gente aborda vários temas necessários a respeito das vivências das pessoas com deficiência e o quanto isso é responsabilidade de todo ser humano, independente dele ter uma deficiência ou não. Eu acredito muito que o contato físico, de perto é essencial para a troca de energia e experiências e eu quis trazer isso além das redes sociais”, finaliza.
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