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Candidatos criticam vestibular da UFGD e protestam em frente a Reitoria

29 novembro 2019 - 10h58Por Vinicios Araújo

Um grupo de vestibulandos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) manifestaram em frente a reitoria da instituição nesta manhã (29/11) contra a prova apresentada no Vestibular 2019.

Para os estudantes, a universidade teve 'relaxo' na hora de formular as questões e apontam diversas irregularidades com base em literaturas analisadas.

Segundo a mato-grossense Natália Duarte Bueno, de 24 anos, moradora em Lucas do Rio Verde/MT, em 2017 o vestibular para ingresso à universidade obteve 5 questões anuladas e duas alterações de gabarito.

No ano passado, ela conta que muitas pessoas entraram com 8 processos de recurso, sendo que a UFGD anulou apenas uma. No processo em questão, uma pergunta de matemática estava com uma das alternativas em negrito, o que é irregular devido suspeita de indicação de resposta.

A questão não foi anulada, segundo Natália.


“Nós queremos que eles façam a análise dos recursos, porque a gente usa literatura de ensino médio. No final dos recursos a gente aponta essas justificativas, a gente mostra onde foi que eles falharam. Basta o cuidado de analisar”, disse.

A jovem tenta o ingresso no curso de medicina desde 2012. Em todos os processos, ela garante ter se sentido prejudicada devido a suposta má formulação da prova. 

“Eles cometem erros que a nós não seria permitido. Se a faculdade não consegue formular uma prova com o corpo docente que ela tem, que ela contrate uma banca especializada como UFMS faz, como a USP faz. É isso que a gente tá reivindicando”, conta.

Natália ainda conta que em outros estados o vestibular da UFGD é satirizado, devido “a falta de importância depositada na apresentação de um processo seletivo justo”.

“É uma prova que não avalia o aluno. Pensa você chegar na prova e encontra duas respostas certas. O que você marca? E a equação de química errada, como é que faz a conta?. Não tem mais como a gente ficar quieto. É uma falta de respeito com o Estado, afinal a universidade forma cidadãos”, finalizou.

A veterinária Tatiane Abrantes, 34, deixou a clínica com os bichos há 5 anos para tentar ingressar o curso de medicina. Ela precisou parar de trabalhar para estudar, devido a competitividade do curso. 

Este foi mais um ano que ela se frustrou ao encontrar uma prova recheada com irregularidades. Segundo ela, de 60 questões, 12 foram levadas para recurso da banca formuladora. 


“Tem questões na prova que tem mais de uma alternativa correta. Temos literatura para mostrar que a questão tem mais de uma alternativa. Há questões sem nenhuma correta. Há questões de química com cálculo estequiométrico que ela dá equação errada. Ao todo foram 12 recursos com base em literatura pública do ensino médio. Em outros vestibulares a UFGD ignorou toda literatura de ensino médio, exigiu conhecimento que ela não cobrou em edital, e não corrige. São inúmeros erros que deveriam ter sido revisto antes da aplicação da prova e mesmo após a aplicação, com os recursos embasados em literatura, eles ignoram. Fazem o que eles querem”, denuncia. 

Ela já foi aprovada em um vestibular no Rio Grande do Sul, mas não teve como mudar para lá. Ela tem família na cidade, é casada e tem filhos. 

“As minhas raízes estão aqui. Se não houvesse esses seria um processo muito mais justo. O que eles fazem não é beneficiar pessoas específicas, mas sim formular um processo comprometido, com relaxo e quem consegue entrar é porque conseguiu na sorte, conseguiu o melhor chute”, disse.

Os vestibulandos já acionaram também o Ministério Público Federal por conta da reincidência de irregularidade nos vestibulares da UFGD. “A gente imagina que eles vão ser mais cuidadosos no próximo ano, mas eles não são. Eles perpetuam o erro. Não tem um órgão que fiscalize o erro e corrija”, finalizou.

O QUE DIZ A UFGD

Em nota, a UFGD esclarece o método utilizado para eleição dos professores que vão compor as questões e diz ainda que o período para avaliação dos recursos não findou, não podendo esclarecer se há questões passível de anulação. Veja a nota na íntegra:

"O processo se dá da seguinte maneira: os professores da própria instituição recebem um convite para compor a comissão que formula as questões e, ao aceitar, são remunerados para exercer este trabalho que demanda grande responsabilidade. Estes profissionais assinam um termo, comprometendo-se a manter sigilo. Ninguém na Universidade pode, em hipótese alguma, ter conhecimento sobre quem compõe esta comissão. 

Durante o processo de criação, os professores têm o compromisso de formular um número maior de questões, para que apenas algumas sejam inseridas na prova. Esta é uma medida que visa garantir que nem mesmo os membros da comissão consigam saber, ao certo, quais questões formuladas irão realmente compor a prova. 

Após a fase de elaboração das questões, existe a etapa da revisão, realizada por uma equipe de especialistas formada para estudar cada matéria. No caso da UFGD, alguns deles são contratados, ou seja, não pertencem ao quadro de docentes da Universidade. O material é verificado item a item. As questões são analisadas e devem abranger todo o conteúdo programático. Além disso, são analisados também: se estão de acordo com o conteúdo, se as questões são realmente inéditas, se estão redigidas de acordo com a norma culta da língua, se são claras e de fácil entendimento, se há alternativas que provocam dúbia interpretação etc. 

Como se pode observar, o papel desta comissão é de grande responsabilidade e cada membro tem o dever de desempenhar seu trabalho com o máximo de cuidado para dirimir possíveis falhas, mesmo que elas possam acontecer. 

A Administração entende que a Comissão de Elaboração das provas do Vestibular da UFGD é formada por profissionais altamente qualificados e capacitados para desenvolver suas atribuições. Sendo assim, cabe a estes profissionais responderem por falhas havidas na formulação das questões, uma vez que são responsáveis pelo desenvolvimento deste trabalho.

O período de recurso para as questões do Vestibular ainda não findou e, sendo assim, a Universidade ainda não é capaz de avaliar se há questões passíveis de anulação, ou ainda, se este número é elevado no sentido de ensejar responsabilização dos envolvidos no processo de elaboração. 

Assim que a Universidade tiver posse destes dados, eles serão disponibilizados na página, para que haja a maior transparência possível." 

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