Após a posse de Vilmar Martins Machado para o cargo de capitão e de Leomar Mariano como vice para comandar a aldeia do Jaguapirú em Dourados, ocorrida no dia três último, a reportagem teve acesso ao balanço de atuação da nova diretoria no decorrer da manhã de hoje, onde um dos maiores objetivos é o combate ao alto índice de violência em uma das maiores comunidades indígenas do Mato Grosso Sul.
De acordo com o apurado, em diversas blitz realizadas pelos voluntários sob o comando do presidente do Conselho de Segurança, Zoroastro Almirão, dentro da aldeia desde quando ele assumiu o posto, e composto por um grupo de em torno de 50 voluntários, atuando diuturnamente na aldeia, foram apreendidas 150 armas brancas, tais como facão de corte de cana, foice, punhal, faca tipo peixeira, nuntchaku -ou tchaco e san tchaku- e até machado usado pára o corte lenha.
Todas as armas apreendidas, assim como produtos de procedências duvidosas foram recolhidas a um compartimento anexo ao posto da Funai da reserva.
Vale ressaltar que o Conselho de Segurança sabe que a maioria destas armas brancas foi apreendida em poder de menores, a maioria deles adolescentes com idade entre 14 a 18 anos, mais por falta de provas, também sabem que por detrás deles há a presença de pessoas adultas no comando, muitas delas envolvidas com o crime de receptação, de vendas de bebidas alcoólicas clandestinas e principalmente de drogas.
Três homens brancos, todos com passagens pela polícia foram expulsos da reserva durante uma das blitz, após serem flagrados transitando por uma das estradas vicinais da reserva, sob alegação de que estavam à procura de uma indígena. “Na verdade sabemos que eles estavam à procura de vender ou de adquirir drogas, como não tínhamos provas, expulsamos eles, porém retemos as bicicletas deles, pois não tinham comprovantes de serem deles”, disse um informante à reportagem. “A ordem do novo capitão é para que todos aqueles que estiveram perambulando pela aldeia que forem abordados pelos integrantes do Conselho de Segurança, quer seja ele índio ou branco, serão checados. Os brancos serão expulsos da reserva e os índios orientados para que sigam para as suas casas”, disse a fonte de informação à reportagem.
Outro caso que despertou a atenção do novo comando do capitão Vilmar Machado é a presença de uma pessoa, que ao ser abordado por volta das duas horas da madrugada de sábado passado em uma pick-up, alegou que estava na área para comprar mandioca. “Por acharmos estranho aquilo, em vez de detê-lo e acionar a polícia, achamos por bem ordenar que ele fosse embora da aldeia”, disse a fonte de informação, lembrando que desde quando o novo capitão assumiu, o índice de violência na aldeia despencou. “Quem for surpreendido cometendo ato ilícito será punido capinando as margens da rodovia, das estradas, cemitérios, enfim, vai pagar pelo delito trabalhando” disse a mesma fonte, lembrando que o MPF (Ministério Público Federal), a PF (Polícia Federal), e os demais órgãos policiais não estão dando a mínima para os problemas de violência na aldeia, tais como assassinatos, estupros, tentativas de homicídios, assaltos, arrombamentos entre outros.
Droga é a meta
Além de combater a violência na aldeia do Jaguapirú, a meta do novo capitão e de sua equipe é agora combater o tráfico de drogas na comunidade, que está muito alto, assim como a prostituição infanto-juvenil. “Vamos monitorar todos os supostos pontos de vendas de drogas e em seguida derrubá-los, assim como as pessoas brancas que exploram nossas adolescentes para o consumo de drogas e principalmente para a prostituição”, disse a mesma fonte, lembrando que Vilmar Machado como capitão atuará com o mesmo rigor que seu falecido pai, Ramon Machado, que foi assassinado em Naviraí próximo a um clube em uma suposta discussão banal, por um policial e que comandou a capitania da aldeia do Jaguapirú por anos, até ser afastado do cargo após ser denunciado e preso acusado de vilipêndio, abuso de poder, cárcere privado entre outros delitos, que posteriormente não foram confirmados.
Outra meta a ser alcançada pela equipe de Vilmar Machado é o controle de som alto na aldeia, assim como os chamados “encontros de jovens” em altas horas, onde o consumo de álcool e até de drogas é alto.
Fotografados e união
Nas investidas da “patrulha da segurança”, como estão sendo denominados os voluntários de Vilmar Machado, sob o comando de Zoroastro Almirão, presidente do Conselho de Segurança da aldeia, os “investigados” através de uma câmera fotográfica são devidamente fotografados e colocados em arquivo para uma eventual necessidade de reconhecimento.
Entre as diversas ações do capitão Vilmar Machado para conter a onda de violência na Jaguapirú, uma outra que segundo a fonte de informação seria fundamental, é a união com o novo capitão da aldeia Bororó, considerada como uma das mais violentas de Mato Grosso do Sul.
A união de Vilmar Machado com o novo capitão da Bororó, César Isnardi vai possibilitar com que nas trocas de informações eles possam combater os altos índices de violência nas duas reservas, que na maioria dos casos são causados dados a presenças da exploração e consumo de bebidas alcoólicas e principalmente de drogas, como maconha, cocaína e o crack. “A Bororó é problemática, mais se agirmos em conjunto, vamos conseguir combater o mal e as duas comunidades poderão seguir suas vidas em paz”, disse a fonte, reafirmando que a existência da droga hoje em dia é o maior problema nas duas aldeias, e esta acima do alcoolismo.
Ausência lamentada
O novo comando da Aldeia do Jaguapirú lamenta a ausência da PM (Polícia Militar) da Civil, do Ministério Público Federal e da própria FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e da Polícia Federal no auxílio a eles no combate aos malfeitores que teimam em usar a comunidade indígena para que possam fomentar seus poderes de persuasões aos índios, no caso, em especial aos adolescentes, para que possam ganhar com a venda de suas bebidas e principalmente de drogas. “Vamos pedir e esperamos ser atendidos, que os organismos policiais nos ajudem, nos assistem, nos dêem apoio para que possamos combater os criminosos que estão na nossa comunidade, sejam eles índios ou não, pois nossa gente de bem, nossos trabalhadores, precisa voltar a viver em paz como em anos passados”, disse a fonte, lembrando que desde que Vilmar Machado assumiu, com um pouco de trabalho, em especial no período da noite e na madrugada, na maioria das vezes em fim de semanas e feriados, o índices de violência, tais como assalto e principalmente homicídio caíram drasticamente na região do Jaguapiru e adjacência.