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Agricultor decreta o fim de cartel em Dourados

20 janeiro 2010 - 14h51

A cidade de Dourados até três meses atrás vendia a gasolina mais cara de Mato Grosso do Sul. O preço do litro chegou perto de R$ 3,00 até que o agricultor Paulo Menegueli Pricinato indignado com o que ele chama de “possível cartel da gasolina” resolveu dar uma basta na situação.
Paulo pesquisou e descobriu que os postos de combustíveis poderiam vender mais barato mantendo uma boa margem de lucro. O agricultor ao descobrir que quase todos os cinqüenta postos de Dourados cobravam o mesmo preço pelo litro chegou a conclusão que havia um “combinado” entre os donos de postos e distribuidores configurando a existência de um cartel.
O agricultor reuniu seus dois filhos e fez um desafio. “Vamos montar um posto de gasolina?”. Desafio aceitado, Paulo que já não agüentava mais viver da agricultura, arrendou parte de suas terras para uma usina de açúcar e álcool. Outro pedaço da propriedade o agricultor plantou cana por conta própria para depois vender para a usina.
Paulo investiu cerca de R$ 700 mil e montou seu próprio posto que entrou em funcionamento no dia 24 de outubro. Mas antes de ativar a primeira bomba, Pricinato travou uma “verdadeira guerra” para conseguir abrir sua empresa, tirar o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), conseguir alvará do Corpo de Bombeiros e até mesmo o registro na ANP (Agência Nacional do Petróleo).
“Foi tudo muito difícil”, disse o empresário que recusou a proposta de se filiar ao Sindicato dos Postos de Combustíveis por entender que estava entrando no mercado “para ser um diferencial”. Em outubro, quando abriu o posto, Paulo Pricinato começou a vender a gasolina a R$ 2,59 o livro e a fila de carros e motos dobrava o quarteirão. “Automaticamente os demais postos de combustíveis começaram a abaixar o preço”, disse o ex-agricultor.
Atualmente Paulo está vendendo a gasolina a R$ 2,45 e promete manter o preço. “Não foi uma jogada de marketing”, diz o empresário que além dos dois filhos e mais três familiares emprega dezesseis pessoas para dar conta das oito bombas. Paulo gostou tanto da nova atividade profissional e disse que vai montar o segundo posto numa cidade do sul do Estado.
Depois que o cartel acabou Paulo afirma que alguns postos ainda praticam preços altos. “Vendendo a gasolina a R$ 2,45 consigo uma boa margem de lucro e garanto a viabilidade da minha empresa’, explicou Pricinato que optou em não colocar “bandeira” em seu posto justamente para fugir do Cartel.
O agricultor de 53 anos de idade disse que tem um amigo no Paraná que é dono de posto de gasolina e contou tudo sobre o “mercado de combustíveis”.
Como a consultoria dada pelo amigo, Paulo que não chegou a concluir a quinta série do ensino fundamental passou a ser mal visto entre os empresários do setor e a ser respeitado pelos douradenses que “deixaram de ser refém do cartel”, conforme afirmou professor Alberto Batista Ramos que toda a semana enche o tanque do seu fusquinha 1968 com a gasolina mais barata.
O administrador Auro César Ferreira Caimar é cliente de Pricinato deste o primeiro dia de funcionamento do posto e afirmou que “ninguém agüentava mais pagar três reais pela gasolina”.
Caimar disse que agora vale a pena pesquisar já que cada posto coloca um preço melhor para atrair a clientela. “Praticamente todos os dias recebo telefonemas de postos oferecendo combustíveis com preços mais barato e até com prazo para pagar”, finalizou.
PREÇO DUPLO
O PROCON autuou nos últimos dias vários postos de combustíveis que estão usando tarifas diferenciadas para pagamento em dinheiro e a cartão de crédito.



Nicanor Coelho





 




O diretor do órgão Rosemar Mattos afirmou que alguns postos já foram multados e acrescentou que a prática de preços duplos atenta conta o Código de Defesa do Consumidor.
Mattos alerta que as empresas reincidentes poderão receber multas maiores por descumprir a legislação. O PROCON, segundo ele, vai continuar fiscalizando os postos de combustíveis para acabar com a cobrança diferenciada pelos combustíveis.
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