Neste dia 1º de maio, o Aeroporto Regional Francisco Pereira de Matos, em Dourados, completa dois anos fechado para obras e ainda não há uma data específica para que volte a receber voos. A finalização da obra no local é apontada para o segundo semestre de 2023, conforme informação mais recente do Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, através do 9º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção), responsável pela mesma.
O Dourados News procurou a assessoria de comunicação do Departamento para saber se ocorreu alguma alteração nesta previsão, no entanto, não recebeu um retorno até a publicação desta reportagem.
No final de março de 2023, a equipe do 9º BEC informou em nota oficial que realizou a conclusão do serviço de pavimentação da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Regional, de extensão aproximada de 2.000 m de comprimento por 30 m de largura, o que também foi feito nas áreas de giro (Turn Pad), sendo duas camadas de 5 cm de asfalto, produzidas e lançadas.
O projeto total da obra envolve além da reforma e ampliação da pista de pouso e decolagens, apontada pelo 9° BEC como concluída, a regularização das faixas de pista e áreas de segurança, drenagem, colocação de cerca operacional e trabalhos de terraplenagem das áreas destinadas a futuras edificações.
Inicialmente o prazo para entrega da primeira etapa da obra era apontado para novembro de 2021, seis meses após o início das melhorias.
No entanto, em setembro do mesmo ano, durante as atividades constatou-se problemas com necessidade de intervenção maior, principalmente na parte de drenagem.
Diante disso, o prazo foi reprogramado para novembro de 2022, mas novamente outros “imbróglios” ocorreram. O prefeito Alan Guedes, em novembro de 2022, discorreu ao Dourados News que trâmites burocráticos estavam acontecendo e demandariam um prazo maior -relembre aqui-.
A questão das chuvas constantes também foi apontada como um dos fatores que impactaram no atraso, por parte do Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, responsável pelas obras através do 9º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção).
O Dourados News mostrou esse posicionamento em fevereiro de 2023 -relembre aqui-. Naquela oportunidade, o Departamento alegou ainda que os serviços de instalação elétrica e dos auxiliares de navegação serão concluídos até o fim do primeiro semestre. Depois, os trâmites legais para o processo de homologação da ANAC (Agência Nacional de Aviação) e DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) acontecem durante o segundo semestre do ano, reforçando novamente a entrega ainda em 2023.
Com a inatividade do local, os aeródromos mais próximos da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul são os de Ponta Porã ou de Campo Grande, cerca de 130 e 230 km de distância, respectivamente.
Por se tratar de um município com grande fomento na economia em razão do turismo de negócios e eventos, Dourados conta com impacto negativo nestes segmentos nesse período de interrupção nos pousos e decolagens.
A equipe de reportagem solicitou ao Fórum Regional de Turismo da Grande Dourados se existe um levantamento sobre os efeitos financeiros que esse fator gerou a rede hoteleira e na área do turismo, mas foi informado que não existem números específicos, no entanto, membros do Fórum acompanham relatos de executivos que deixaram de participar de eventos ou de expor em feiras locais, diante da dificuldade logística, já que não existe um voo ‘direto’ no momento para Dourados, o que faz com que o deslocamento demore mais.
Clécio Tina, Diretor de Turismo da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados), presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo de Dourados) e presidente do Fórum Regional de Turismo da Grande Dourados citou que os órgãos têm acompanhado os voos que decolam de Ponta Porã com ocupação elevada (90% em média) atendendo de forma massiva usuários de Dourados e região.
“Temos conhecimento de que vários executivos, estão deixando de vim à cidade por conta do aeroporto com atividades interrompidas para obra”, disse ao ponderar ainda que existe um um aeroporto particular na cidade que não permite pouso de aeronaves de grande porte ou médio porte, apenas de pequeno porte.
Diante do cenário, Tina destaca que o Fórum expecta que as instituições e representantes da sociedade envolvidos na questão tenham um “olhar especial” para causa, para que o local possa a voltar a atender a população e para que os setores de evento, turismo e rede hoteleira sejam impulsionados.
O Dourados News solicitou um posicionamento sobre a questão à instituições locais sobre o que o atraso significativo nas obras tem causado na maior cidade do interior do Estado.
A prefeitura por meio da assessoria de comunicação disse que não iria comentar sobre o cronograma de obras e pontuou que o prefeito Alan Guedes “por mais de uma vez esteve em Brasília para pedir ao Governo Federal e à bancada federal empenho para que não faltem recursos para conclusão do projeto”.
Já a Câmara Municipal de Dourados, por meio do presidente Laudir Munaretto (MDB), destacou que espera com ansiedade que as obras sejam concluídas em um menor espaço de tempo apontou sobre o fato como empecilho econômico e disse que tem acompanhado os trâmites deste cenário.
O Dourados News também buscou posicionamento da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados) sobre o tema.
Veja os posicionamentos na íntegra:
Câmara - “A demora no término dos serviços tem sido ruim não só para Dourados, mas para toda a região, pois a falta de um aeroporto impede o crescimento econômico. Com o aeroporto maior, mais bem estruturado, teremos a expectativa de, pelo menos, receber maior quantidade de voos e, consequentemente, um maior volume de negócios. Enfim, melhora para todos. Estamos acompanhando e esperamos que logo tenhamos nosso aeroporto de volta”. (Laudir Munaretto, MDB).
Aced
O presidente da Aced (Associação Comercial e Empresarial), Paulo Roberto Campione falou sobre “prejuízo material, financeiro e contratempos” com a situação. Disse ainda que a Associação tem buscado auxílio junto a representantes políticos para que o local tenha a celeridade nos trâmites restantes para inauguração.
"Com certeza o atraso nas obras do Aeroporto impactou na área comercial, empresarial e em geral na comunidade douradense. Isso está nítido e claro! Não só o prejuízo material, o financeiro, como também os contratempos. Você precisa viajar para outras cidades como Ponta Porã ou Campo Grande para fazer conexão com outros lugares. O que precisamos fazer, e inclusive a ACED já fez, é buscar apoio junto aos representantes políticos na área estadual, na federal e municipal, junto a Prefeitura. Pedir para acelerar essas obras para que volte a funcionar o aeroporto o mais breve possível, pois, é inadmissível essa demora e a forma que está sendo conduzida essa reforma”.
Terminal
Além da pista, existe um projeto arquitetônico para construção das instalações do novo terminal de passageiros do Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira em andamento. O Governo prorrogou o tempo de execução e vigência deste contrato para agosto de 2023, porém, isso não impactará os voos quando o local for liberado.