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Advogado diz que 'historiógrafos estão forjando uma nova história' da fundação de Dourados

03 janeiro 2010 - 08h08

HISTORIÓGRAFOS?

Acredito, sendo descendente dos primeiros desbravadores, se prosseguisse lendo como vem acontecendo, as contínuas bobagens transcritas nos jornais a respeito da nossa história local, sem contestar determinados acontecimentos inverídicos narrados pelos seus autores, fatos estes que estão sendo construídos na cara dura por articulistas desinformados, me sentiria um douradense omisso. Ainda mais, não asseverando minha posição de protesto. Afinal, os pioneiros construtores desta cidade, por repousarem nas campas dos cemitérios descansando, já não podem fazê-lo, prestando inestimável novos testemunhos daquilo que viram e participaram. Por isso, penso que esses fundadores erraram, pois quando vivos se calaram. Principalmente, ao nos legarem tão poucas informações. A maioria delas, eivadas de dúvidas, que depois foram repassadas para poucos. Este afinal, foi o costume insensato daqueles veteranos, porque esses homens e mulheres modestas, falavam pouco sobre os fatos da história local. Inclusive, a conduta discreta desses pioneiros, raramente fotografados pela câmera lambe-lambe do Raul Frost, impediu que o nosso primeiro fotógrafo, tirasse mais fotos típicas desses antigos caboclos, ou os primeiros moradores das plagas douradenses.

Com o nascimento do jornal “o progresso” no ano de 1951, fundado pelo pontaporanense Dr. Weimar G. Torres se conseguiria com essa testemunha ocular da história, documentar fatos regionais importantes a respeito de vários acontecimentos. Outros congêneres, nesse ínterim, surgiriam. Entretanto, tiveram curta duração, circulando em períodos breves, muito mais para satisfazer as necessidades e os interesses de políticos eleitos. Esses jornais, sutilmente se colocariam a serviço das siglas existentes, para depois das campanhas eleitorais, desaparecerem. Todavia, a maioria desses tablóides, apesar de considerados idôneos, durante as atividades nenhum deles serviu como fonte isenta, para hoje neles se pesquisar fatos do passado douradense. Dessa imprensa, apenas um jornalista, o falecido Teodorico Luiz Viegas, ao contrário dos demais repórteres de sua época, imparcial relatou com confiabilidade assuntos considerados importantes, escritos na sua “folha de Dourados”.

Um outro componente da imprensa local, essa praticada através dos microfones da rádio clube, com o prefixo zyx 23, gravaria as primeiras notícias radiofônicas douradenses, sonorizadas na voz do locutor Sócrates Câmara, nos anos cinqüenta. No inicio dos anos sessenta, vindo do interior paulista, fazendo um jornalismo combativo e polemico, Jorge Antonio Salomão se tornaria o radialista mais respeitado do seu tempo. Na região da grande Dourados, com sua equipe de locutores, criaria o rádio jornalismo. O arquivo dessa primeira emissora de rádio douradense sonorizou momentos festivos, tristes e tensos. Seu departamento de rádio jornalismo, nunca ou raramente é pesquisado por jovens historiógrafos. Porém, articular passagens nativas, sem conhecer ou pesquisar informações tão bem guardadas, é preocupante. Porque a verdade histórica destas plagas, seria violentada nos seus dados históricos, comprometendo-a.



Acontece que a minha história douradense, é baseada em provas documentais e ouvindo os depoimentos dos filhos de nossos fundadores, porque nasci e me criei aqui. Assim, também li numa ata de instalação da municipalidade de Dourados, ex-distrito do mesmo nome, os escritos que o município desmembrou-se, criado pelo decreto n. 30 de 23 de dezembro de 1935. Nessa ata histórica, que eu vi guardada nos arquivos cuiabanos, estão acostadas as assinaturas dos seus primeiros dirigentes. Quanto ao nosso problema energético, o governador Pedro Pedrossian resolveu nessa época, presidindo a sanemat, o engenheiro Marcelo Miranda Soares. O ex-general, senador Filinto Muller, apenas nos forneceu o primeiro motor municipal a diesel, um gerador temporário. Entretanto, o fornecimento energético até a meia noite de cada dia, quem implantou foi o governador Fernando Correa da Costa. Inclusive, inaugurando e instalando o “fernandão”, com um transformador nas esquinas das avenidas presidente Vargas e Joaquim Teixeira Alves, na Praça Antonio João, nos anos cinqüenta.

A CAND de Dourados incluindo o território federal de Ponta Porã, foram criados pelo presidente Getulio Dorneles Vargas. Os decretos tinham a finalidade precípua, extinguir a exploração ervateira na região, que vigorava por força de um contrato, celebrado entre o governo do estado de Mato Grosso e o empresário Thomáz Laranjeira no século dezenove. No Distrito da Picadinha, nunca habitaram quilombolas e nem houve negro escondido em quilombo, muito menos na área do fazendeiro Desidério Felipe de Oliveira, compadre do meu avô Izidro Pedroso. Aquele tropeiro, nascido nas montanhas alterosas, requereu três mil setecentos e quarenta e oito hectares de terras lavradias, porém como um homem negro livre.

Os dois maiores historiógrafos douradenses, o médico Júlio Capilé e a escritora Ercília de Oliveira Pompeu, me ensinaram que nunca houve oficialmente, paragens denominadas São João dos Dourados e Três Padroeiras, antecedendo ao nome da cidade Dourados. Vale esclarecer finalmente, que esta comunidade já existia como um lugarejo próspero, quando Marcelino Pires e seus irmãos vieram morar nas terras por eles requeridas. Assim, contavam os mais velhos sobre o inicio da povoação. Os antigos desbravadores, incluindo a pioneira Olinda Pires de Almeida, filha de Marcelino, a quem conheci, afirma ter sido isso mesmo o acontecido. Além disso, confirmam essa história local como a mais verdadeira, os descendentes de Joaquim Teixeira Alves, outro suposto fundador da cidade de Dourados. Aliás, onde o segundo tenente cavaleiro Antonio João Ribeiro, jamais esteve...

*advogado criminalista, jornalista.
e-mail: isane_ isane@hotmail.com

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