Tradicionalmente a adolescência tem sido pensada como período de crise, momento da vida marcado por conflitos na relação com o outro, especialmente aqueles outros que não fazem parte da turma, como a mãe, por exemplo.
Nos estudos da Constelação Familiar Sistêmica de Bert Hellinger, e nos estudos de Psicanálise de D.W. Winnicott e Françoise Dolto, vemos que a relação com a mãe é a primeira relação que experienciamos ao nascer, a mãe é a primeira provedora, a amorosidade, a aceitação, o acolhimento, o sucesso na carreira profissional e o sorriso fácil.
A conexão com a mãe diz muito sobre o êxito de uma pessoa em seus relacionamentos, mostrando se ela é capaz ou não, de aceitar as pessoas e acolhe-las como são. Adolescentes que que não possuem conexão com a mãe costumam ser grandes julgadores, não conseguindo acolher ou aceitar a realidade à sua volta. Costumam cobrar demais, dos outros, e de si mesmos.
O ato de julgar a própria mãe é algo que limita a vida do ser humano, impedindo-o de experienciar uma vida feliz e em paz, e isso ocorre muito durante o período da adolescência. A arrogância por parte dos filhos acaba sendo sentida por estes mesmos numa vida com destinos difíceis. Na medida que um filho exige da mãe o que acredita que não recebeu, cria uma desordem na hierarquia, com o tempo, passa a não querer mais receber o que a mãe tem à dar, tornando-se uma pessoa amarga e dura consigo mesma e com as pessoas ao seu redor.
A hierarquia é a ordem da paz, ela está à serviço da paz na família e na sociedade, está à serviço do amor e da vida, os filhos que julgam a própria mãe, normalmente não conseguem se colocar à serviço da vida, pois costumam pensar: “a minha mãe não me serviu”. Como a pessoa não consegue dar, ela está sempre cobrando, assim, costuma ter dificuldades nos estudos, na decisão sobre a carreira profissional e nos seus relacionamentos.
É importante levarmos em consideração e refletirmos que por mais desafiadora e complexa que seja a história de filhos adolescentes com suas mães, o que importa no todo e no dia a dia, não é necessariamente sobre - amar a mãe, mas sim aceitar sua mãe como ela é. Aceitar que mãe é um ser humano cheio de defeitos como qualquer outro, que possui uma história com suas dificuldades, e que nasceu mãe com o nascimento do filho, com a difícil e extraordinária missão de aprender a ser mãe. Aceitar a mãe traz muitas curas, é um sentir-se provido e acolhido.
É surpreendente o efeito que se pode observar num adolescente, quando este se sente e se expressa em sintonia com a sua mãe, está ali tudo o que se precisa. Quando se consegue tomar a mãe, tal como ela é, como uma fonte de força, o amor e a alegria tornam-se tranquilos, como o respeito. Como dizia Bert Hellinger: “O sucesso tem o rosto da mãe.”
Denise Caramori
Psicopedagoga/Terapeuta
Equoterapeuta/Equitadora