O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, entregue pela Academia Brasileira de Cinema na noite desta terça-feira, dia 05 de setembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, consagrou o drama musical "Elis" nas categorias técnicas — com vitórias em fotografia, montagem de ficção, direção de arte, trilha sonora original, som, maquiagem e figurino, além de melhor atriz — e "Aquarius", vencedor na categoria melhor longa-metragem de ficção e direção, para Kleber Mendonça Filho.
Mendonça Filho não compareceu à premiação e foi representado pela produtora Emilie Lesclaux. Ao receber o prêmio de direção, Emilie disse que a equipe gostaria de "dedicar o prêmio a todos que no Brasil trabalham com cultura".
— Nestes tempos de retrocesso, a cultura é uma arma de construção em massa, liberta e oxigena — disse Emilie.
A atriz Andréia Horta, que recebeu o prêmio de melhor atriz por sua interpretação da cantora Elis Regina em "Elis", estava bastante emocionada e brincou que "ainda vou morrer de tanto viver".
— Muito obrigada a tudo e todos que estiveram junto comigo. Que o cinema, como o amor de verdade, nos faça evolui e abrir espaços. Lutemos contra a insensibilidade até o fim — afirmou Andréia.
A entrega dos prêmios de melhor ator e melhor atriz coadjuvantes também foi marcada por emoção. A atriz Laura Cardoso, vencedora por sua participação em "De onde eu te vejo" e que completa 89 anos na semana que vem, disse que esse era o seu presente de aniversário. Já Flavio Bauraqui, vencedor por sua atuação em "Nise — O coração da loucura", contou que o filme lhe mostrou "um lado muito delicado do ser humano".
— A loucura, e a loucura desse filme, me mostrou um lado muito delicado do ser humano que está em falta. Os loucos não são loucos, os loucos são esses loucos que estão nos deixando loucos — disse Bauraqui.
Homenageados na noite, Helena Ignez e Antônio Pitanga saudaram a sua geração, responsável por abrir novos caminhos para o cinema brasileiro a partir da década de 1960. Pitanga relembrou que Glauber Rocha, Cacá Diegues, Zelito Viana, Rogério Sganzerla, Leon Hirszman, entre outros, acreditaram que era possível construir uma arte "genuinamente brasileira".
— Eu estava ali, vendo todo esse movimento do cinema atual, e dizia comigo mesmo: "que momento bonito, que estrada bonita essa garotada da década de 50 e 60 pavimentou para a gente estar aqui, fazendo o melhor cinema do mundo!" — disse o ator.
Já Helena, que estreou no cinema com Glauber Rocha no curta-metragem "Pátio", lembrou de seus principais filmes e da posição de mulher no meio cultural nacional.
— A minha inteira eu vivi entre homens, apesar de ser uma matriarca, de uma família enorme de mulheres — disse Helena. — O cinema interessa à política e à vida. Um ator é um eterno errante. Eu sou assim, uma eterna errante.
Duas empresas foram homenageadas no Grande Prêmio, a Rio Filme, que completa 25 anos, e o Grupo Severiano Ribeiro, que faz 100 anos. Olga Futema, da Cinemateca Brasileira, recebeu o Prêmio Especial de Preservação e ressaltou a importância da instituição como guardiã da cultura brasileira.
— Todos vocês conhecem a história da Cinemateca, contribuíram e contribuem para a grandeza e diversidade de nosso acervo. Então, podem avaliar a importância deste prêmio neste momento. Em nome de toda equipe, recebo esse prêmio também como incentivo, um gesto de solidariedade quando a Cinemateca busca se reerguer, se reequilibrar.
Um dos destaques da cerimônia foi a direção de Bia Lessa. A partir de depoimentos de cineastas, filósofos, críticos, atores e diretores brasileiros e estrangeiros, de diferentes épocas e gêneros, Bia teceu uma reflexão sobre a sétima arte, os ofícios envolvidos na sua produção, a relação entre técnica e arte, entre tempo e cinema, entre realidade e imaginação.
###VEJA LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES
Melhor longa-metragem de ficção
"Aquarius", de Kleber Mendonça Filho
Melhor longa-metragem estrangeiro
"A chegada", de Denis Villeneuve
Melhor longa-metragem comédia
"O Shaolin do sertão", Halder Gomes
Melhor longa-metragem documentário
"Cinema Novo", de Eryk Rocha, e "Menino 23 — Infâncias perdidas no Brasil", de Belisario Franca.
Melhor direção
Kleber Mendonça Filho, por "Aquarius"
Melhor ator coadjuvante
Flavio Bauraqui, como Octávio Ignácio, em "Nise – o coração da loucura"
Melhor atriz coadjuvante
Laura Cardoso, como Yolanda, em "De onde eu te vejo"
Melhor ator
Juliano Cazarré, como Iremar, em "Boi Neon"
Melhor atriz
Andréia Horta, como Elis, em "Elis"
Melhor roteiro adaptado
Fil Braz e Paulo Gustavo, "Minha mãe é uma peça 2"
Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco, "Big Jato"
Melhor roteiro original
Domingos Oliveira, "BR716" e Gabriel Mascaro, "Boi Neon"
Melhor montagem documentário
Renato Vallone, "Cinema Novo"
Melhor montagem ficção
Tiago Feliciano, "Elis"
Melhor direção de fotografia
Adrian Teijido, "Elis" e Diego Garcia, "Boi Neon"
Melhor direção de arte
Frederico Pinto, "Elis"
Melhor trilha sonora
Mateus Alves, "Aquarius"
Melhor trilha sonora original
Otavio de Moraes, "Elis"
Melhor som
Jorge Rezende, Alessandro Laroca, Armando Torres Jr. e Eduardo Virmond Lima, "Elis"
Melhor efeito visual
Marcelo Siqueira, "Pequeno segredo"
Melhor maquiagem
Anna Van Steen, "Elis"
Melhor figurino
Cristina Camargo, "Elis"
Melhor curta-metragem animação
"Vida de boneco", de Flávio Gomes
Melhor curta-metragem ficção
"O melhor som do mundo" de Pedro Paulo de Andrade
Melhor curta-metragem documentário
"Buscando Helena" de Ana Amélia Macedo e Roberto Berliner
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