O Cara que eu amava, deixou de viver momentos
incríveis ao meu lado - tenho certeza de que ele
jamais se arrependeria da minha comphania -
hahah..que pretensão a minha!
Ele era um Deus para mim.
Eu era um alguém fascinado por sua beleza, por seu
olhar.
No auge dos tempos, nos idos da minha juventude e
beleza, eu tinha energia para atravessar o oceano,
a nado!
Mas ele, como um réles e vulgar homo sapiens,
acreditava que eu queria seu dinheiro - ou - eu
não possuia o montante suficiente que ele
almejava.
Eu!
Seu dinheiro.
Enquanto ele acreditava no mito da mulher do mal -
não vivia nada verdadeiro enquanto me
desvalorizava e me esquecia - passava o tempo com
amigos cafonas e limitados de quem ele não
gostava.
Acabou por casar se com uma milionária e se tornou
mais milionário do que já era.
Mas ele mesmo nunca conheceu o amor de ninguém -
passou a vida escolhendo e correndo atrás do poder
que nunca teve - ao lado de uma mulher que não
amava e convivendo com homens medonhos que não o
respeitava.
Agora, quase ao findar seu roteiro de vida, me
escreve num papel de farmácia; Nunca te esqueci!
Nem sempre a dignidade acompanha ricos e
orgulhosos pais de familia.
Não foi diferente com ele.
Deveria ter se recolhido à sabedoria dos anciões.
O silêncio é uma resposta onde tudo é dito.
Eu já havia entendido.
Entendo bem de silêncios.
O Agora a mim pertence.
O Agora pertence a familia que criei- não tão
perfeita - seguramente verdadeira, cheia de
falhas, e feliz!
O Agora pertence a minha liberdade que construí
passo a passo durante décadas.
O Agora pertence aos meus amigos artistas,
pensadores, que silênciam-se perante perguntas
descabidas.
#Cavalheire-se!
O Agora não há lugar para o passado.
Ana Cavalheiro
Arquiteta. Cronista. Mulher.
Grevenstein - Alemanha
Vila São Pedro - Ms
25 de dezembro de 2024 - Noite de Natal nos
corredores do Hospital - um encontro inesperado na
fronteira com o Paraguai.