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Manoel Afonso

Eleições: ‘sonhar é tão bom’!

16 agosto 2024 - 07h34

A DÚVIDA: O raio pode cair duas vezes no mesmo lugar?  Vai depender do humor dos eleitores. Nas ‘memoráveis’ eleições de Campo Grande em 2012 tivemos 7 candidatos ao Executivo e 501 postulantes ao legislativo. O detalhe é que o eleitor não teve como alegar falta de opções diante da oceânica quantidade e diversidade de pretendentes.

É MOLE? O arco de alianças apoiando Edson Giroto (MDB)  teve 246 candidatos a vereança em 16 partidos: PCdoB, PR, PDT, DEM, PTdoB, PPL, PSB, PSL, PTC, PRTB, PRB, PRP, PSC, PSDC e PSD. Quase a metade dos 501 candidatos apoiavam o candidato Giroto, além do prefeito Nelson Trad  e do governador Puccinelli ( ambos do MDB)

DIFERENÇAS: Já os demais candidatos tinham menor estrutura com poucos partidos e candidatos à vereança. Sem aliados de peso, Alcides Bernal (PP) escolheu o vice no apagar das luzes e lançou só 28 pretendentes ao legislativo. Quem mais se aproximou do candidato Giroto foi Reinaldo Azambuja (PSDB): 137 candidatos à vereança distribuídos também no PPS, PHS, PMN e PTB.

NOTARAM? Nem sempre uma eleição repete a anterior. A reação da opinião pública está sempre em evolução. Essa postura se repete no seio das famílias e no trabalho – onde se discute aspectos sociais, econômicos, perfis e propostas dos candidatos.  Como se diz: o melhor do regime democrático é que há eleições, que são sempre didáticas. 

MARQUETEIROS: Acertam, mas também erram ao fazer a leitura do pensamento do eleitor, menosprezando-o, achando que podem induzir e convencer. Apresentar um candidato não é como vender sabonete, onde a embalagem e o perfume contam muito para o sucesso do produto. Ele não tem a varinha mágica do ilusionismo. 

CONCLUSÃO: Se fosse assim o candidato de poucas letras ou feio, sem currículo expressivo e inexperiente, em partido nanico ou sem padrinhos fortes não ganharia as eleições de caciques tradicionais. Portanto está comprovado; no campo das eleições nem sempre a propaganda é a alma do negócio. Marqueteiro não é o dono da verdade. 

RESUMINDO:  Marqueteiro não pode pensar pelo candidato; apenas lidar a linguagem das ideias. Dar roupagem incompatível ao estilo do candidato ou engessá-lo, é dar margem à desconfiança da real sinceridade de suas propostas. Igual a propaganda do automóvel: destaca-se o valor baixo da prestação e esconde o preço final do produto.

SAÚDE:  A construção do Hospital Municipal é uma bandeira e tanto da prefeita Adriane Lopes (PP). Para o deputado Lídio Lopes, marido da prefeita, mesmo em ano de eleições a proposta deve ser aprovada pela Câmara Municipal. Mas nos bastidores tenho ouvido ‘muitos ruídos’ sobre alguns aspectos do projeto. Vamos esperar. 

MARQUINHOS TRAD: Com sua fala macia, após reverter sua situação na Justiça, faz seu reingresso (vitimizado) no cenário e já deu o mote da sua campanha. Não é difícil prever seu projeto, que não deve ficar restrito a Câmara Municipal. Marquinhos é um protagonista ativo, de estilo próprio que interage bem com a opinião pública e a mídia.

FATO NOVO: Bombou nas redes sociais a identificação do deputado Beto Pereira (PSDB) como pardo, por conta do tempo da propaganda e verba do Fundo Eleitoral. Na capital a população parda chega 41,52%; a branca 50,58% e a negra 5,38%. O caso  lembra o ex-presidente Fernando H. Cardoso que revelou ter um pé na senzala. Rsss.

‘APERITIVOS’:  Entrar na campanha sofrendo pedidos de impugnação planta dúvidas na cabeça do eleitor e desidrata o candidato. É o caso dos dois pedidos do PSOL e PSDC contra Beto Pereira (PSDB) devido as contas reprovadas de sua gestão em Terenos. O problema é ter de responder sempre aos questionamentos.  E se?

FAZ PARTE: Quem quer paz que fique em casa ou vai passear.  O ex-conselheiro João L. Schimidt tem uma visão pertinente das eleições e da postura de seus protagonistas. Para ele, tudo que você conseguir passar para o adversário em termos de preocupação e desviar sua atenção, é valido. É bem o caso de Beto Pereira. E estamos só no início. 

CORAJOSA: Ao decidir lançar sua candidatura num espaço público (sábado, esquina da Av. Fernando C. Costa com 14 de julho) - resgatando aquela pratica dos comícios, Rose Modesto (União Brasil) demonstra acima de tudo muita confiança no taco. Ela destaca a repercussão positiva pela escolha de Roberto Oshiro como candidato a vice. 

DEFINIDO:  O deputado Zeca do PT foi claro ao dizer que pode apoiar a candidata Rose Modesto (União Brasil) num eventual 2º turno. Ainda cobrou mais uma vez transparência no processo, usando como gancho a eleição de 1996 em que perdeu para Puccinelli por 411 votos. Pela sua fala na sessão desta quinta-feira Zeca está motivadíssimo. 

ESTRAGOS:  Ainda não deu para aferir estragos do acerto entre PSDB e PL nestas eleições e no pleito de 2026. Mas liminares na justiça já azedam o acordo em algumas cidades onde os grupos são adversários tradicionais. Colocá-los no mesmo palanque é uma temeridade. Acordos de cima para baixo, ignorando o eleitor, costumam furar. 

CIDADE: É onde o cidadão mora, deposita seus anseios, trabalha e morre. Os efeitos da administração municipal são mais sentidos do que os desarranjos ‘made in Brasília’. Como o universo é menor, é mais fácil identificar quem é quem. A pessoalidade conta mais que as siglas  partidárias. Tô certo ou tô errado? (Sinhozinho Malta)

GERSON CLARO:  O poder não lhe transmitiu soberba, muito comum entre os poderosos. Bom ouvinte, acessível, respeita opiniões e transita pelo saguão conversando com visitantes, jornalistas e funcionários de todos escalões. Seus colegas de parlamento não lhe poupam referências enaltecendo seu espírito de democrata. Merece os elogios. 

TENENTE PORTELA:  Acaba de descobrir que o poder gera ônus. Jamais imaginou deparar com tantos desafios que requerem habilidade. Sem experiência, tem vivido entre fogos cruzados. A vantagem é sua humildade em pedir socorro. Nesta quinta-feira, por exemplo, esteve no gabinete do deputado Londres Machado. Saiu mais aliviado. 

PERTO DO FIM?  Enfraquecido nacionalmente, o PSDB estaria com dias contados também aqui em MS. Nos bastidores é zum zum crescente de que os tucanos procurem outro caminho de olho em 2026. E qual mesmo? Mas antes de tudo é preciso esperar o resultado das eleições nesta capital e nas demais do país. 

‘VALE TUDO’:  Fofocas, críticas, montagens fotográficas, fake news, paródias e investigações sobre esse ou aquele candidato. Teremos postulantes de todos os perfis: idealistas, oportunistas, ingênuos e vaidosos tentando um lugar no cenário político. No fundo, não há outro sistema que possibilite a renovação do poder – para melhor ou para pior. 

MANCHETES  ELEITORAIS:

Hipocrisia e política: inseparáveis e dependentes. 
Vale mais a popularidade ou a credibilidade?
As incoerências e as verdades suspeitas dos políticos. 
Laranjas e mutretas no patrimônio de políticos.
Estigma da corrupção atrai a rejeição. 
Cuidado com as máscaras dos políticos. 
Eleições: a fadiga do poder atrai surpresas.
Eleições 2024: debater ou ignorar a corrupção?
As definições políticas dividem as cidades.
Troca de partido: o eleitor foi ignorado. 

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