Se há algo que o futebol brasileiro soube fazer nos últimos anos foi elevar o status dado à Copa do Brasil. O torneio ganhou um tratamento raramente recebido em outros países do mundo. Seja pela vaga direta à principal competição continental – que não existe nos principais países europeus, mas sim em vizinhos sul-americanos como a Argentina -, seja pela premiação milionária – e em certo aspecto exorbitante -, o torneio ganhou uma importância que, por vezes, faz clubes inverterem prioridades. De todo modo, a grande virtude é transformar a final num grande evento do calendário nacional.
Mas esta decisão entre Flamengo e São Paulo tem traços peculiares. Não apenas pela fase de oscilações e desconfianças por que passam os dois candidatos ao título. Mas também por ser raro ver um mesmo troféu ter significados tão diferentes para os dois finalistas.
Não se trata de menosprezar a conquista de um lado ou outro, muito menos insinuar que cariocas ou paulistas querem a copa mais ou menos do que o adversário. Ambos desejam vencer da mesma forma, mas por razões muito distintas.
Os rubro-negros iniciaram o ano com múltiplas ambições de conquista. O maior investimento do país sustentava aspirações que incluíam Libertadores, Brasileiro, Supercopa, Recopa e, pelo menos, uma boa participação no Mundial. Pior do que as eliminações em cada torneio ou a distância em relação ao Botafogo na disputa por pontos corridos, foi o desempenho de um elenco estelar para os padrões continentais. A esta altura, parece claro que a Copa do Brasil pode oferecer uma tarde de celebração, alguns dias de trégua em um 2023 de imensas pressões e críticas, mas nunca será suficiente para restaurar a avaliação do que foi a temporada do Flamengo. O humor em torno do elenco, da comissão técnica, parece irremediavelmente abalado.
Em termos de valor meramente esportivo ou histórico, é um título de menos peso do que o Brasileirão ou a Libertadores. Vencer a Copa teria o poder de evitar o primeiro ano sem títulos desde 2018. Mas, neste momento, é como se o Flamengo jogasse mais por uma redução de danos do que pela realização de um objetivo, de um sonho de início de temporada. Não foi para ganhar apenas a Copa do Brasil que o clube que fatura mais de R$ 1 bilhão por ano se preparou. É como se a taça valesse menos pelo que se ganha, e mais pelo que se evita perder.
Do outro lado, é absolutamente natural que o olhar do São Paulo para esta decisão seja diferente. Não é um clube que, neste momento, ocupe o topo da pirâmide de receitas do futebol brasileiro. Convive com dificuldades econômicas, ainda que por vezes vá ao mercado dar tiros que, nem sempre, correspondam à realidade do clube. De todo modo, quando 2023 começou, não soava realista colocar o tricolor como um candidato a ser campeão brasileiro, não havia uma Libertadores por disputar. Em tese, vencer uma copa, fosse a Sul-Americana ou a Copa do Brasil, era uma aspiração racional.
Além disso, este é um São Paulo que busca uma conquista fora dos limites estaduais desde 2012. Não é pouca coisa para um clube deste tamanho, e a manifestação da torcida antes do embarque do time para o Rio de Janeiro foi sintomática. É como uma afirmação, é dar um passo adiante num caminho de recolocação em seu devido lugar, retornar à Libertadores após dois anos de ausência. Sem contar a simbologia de ser campeão pouco mais de um mês após a volta de Lucas Moura, personagem do título da Sul-Americana de 11 anos atrás. Sua contratação foi como um golpe de vitalidade, de autoestima.
Após 180 minutos, um destes dois times irá erguer uma taça e receber um cheque de R$ 70 milhões. Estes são os únicos objetivos em comum para Flamengo e São Paulo. Troféu e dinheiro à parte, cada um deles viverá sensações muito distintas após quando esta final terminar. O sabor de ganhar a Copa será diferente no Ninho do Urubu, ou no Morumbi.
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