Onildo Lopes dos SantosAristóteles, filósofo grego, escreveu: “O homem é um animal político”. Recentemente, alguém indignado com a corrupção e as injustiças sociais, disse: “todo político é um animal”. Aprendemos nas aulas de língua portuguesa que as palavras são polissêmicas, isto é, não têm um único sentido. É devido a este aspecto da linguagem que se produz o efeito cômico na segunda afirmação. Em primeiro lugar, uma ressalva, é no sentido que filósofo emprega as palavras homem e político, que analiso a trajetória e as práticas de um grupo político que há seis anos assumia o poder em Dourados. Em segundo lugar, não espere o leitor um artigo digno de nome, pois o espaço é pequeno e a leitura é superficial.O grupamento foi denominado pela imprensa local como “República do CEUD”, pois seus membros exerciam atividades no Centro Universitário de Dourados. Nomeação injusta, pois esses indivíduos não representam o conjunto das organizações e movimentos de lutas presentes neste antigo Campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), hoje Universidade da Grande Dourados (UFGD).Os líderes desse grupo são os “companheiros” (Tetila, Biasoto, Egon, etc.). Eles iniciam suas carreiras políticas em outras legendas partidárias (PMDB-PTB). Entretanto, dois motivos os obrigam a migrarem ao PT. O primeiro: são derrotados na disputa interna pelo poder nesses partidos. O Segundo: o PT conquista a simpatia de amplos setores da classe trabalhadora e da juventude, portanto, se torna viável eleitoralmente.Hoje, percebe-se que o grupo, em questão, atuou como “cavalos de tróia”. Veja os porquês. Logo ao entrar, as diferenças aparecem: os “ceudianos” possuem recursos financeiros, defendem alianças com partidos das “elites” e a entrada dos chamados sindicalistas pelegos. Nota-se que o objetivo era chegar ao poder a qualquer preço. Deste modo, “esmagam” os chamados históricos, ou seja, os fundadores do partido e outros militantes mais conscientes, que empunhavam a bandeira da construção de uma sociedade sem explorados e sem exploradores. Assim, completamente desfigurado das feições originais, o partido alça vôo, elege vereadores e “rapidinho” “aparece” dinheiro para as campanhas eleitorais milionárias. Enfim, nossos “guias” aliados a sindicalistas pelegos e a partidos patronais chegam ao poder.E o que “parecia sólido se desmancha no ar”. Logo cai à máscara e a verdadeira face da administração liderada pelo “ceudiano” Tetila é revelada. O funcionalismo que entrara em greve por reposição salarial é perseguido e sofrem retaliações, inclusive com o corte do ponto. Pasmem! Esse gesto nem os antecessores de Tetila tiveram coragem de tomar.Os estudantes foram também prejudicados pela essa nova faceta dos poderosos de plantão. Pois o direito ao passe livre dos estudantes foi eliminado porque os donos das empresas de ônibus assim exigiu, além disso, Tetila reprimiu com violência policial àqueles que protestavam contra o corte de direitos.A semelhança com os partidos que esses “ceudianos” tanto criticavam não para por aí. Segundo Tetila, não há dinheiro para saúde e aumento de salários para os professores. Mas há uma avalanche de propaganda na mídia com fins eleitoreiros. Além disso, os programas assistenciais populistas como os “bolsas esmolas” , valem menos do que a publicidade faturada pelos supostos “benfeitores”.Por fim, um recado a todos lutadores: lembrem-se das sábias palavras do escritor João Guimarães Rosa “... Todo caminho da gente é resvaloso, mas cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta.”. () o autor é professor da rede estadual de ensino. E-mail onildols@bol.com.br