O espetáculo A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht, será apresentado nos dias 28 e 29 de novembro, às 20h, no Núcleo de Artes Cênicas, localizado na Unidade 2 (Cidade Universitária) da Universidade Federal da Grande Dourados. A entrada é franca, com distribuição de senhas a partir das 19h30 e a indicação é para maiores de 14 anos.
A peça é resultado de um projeto de ensino interdisciplinar, realizado todos os anos pelo curso de Artes Cênicas, conhecido como “projetão”. Nele, os discentes do 4º semestre e os professores das várias disciplinas unem-se em torno da encenação de um texto relevante da dramaturgia brasileira ou internacional.
A estratégia metodológica visa propiciar aos estudantes, muitos dos quais sem experiência prévia em teatro, a possibilidade de vivenciar na prática um processo completo de encenação, desde as primeiras leituras, passando pelos ensaios até as apresentações públicas. Neste percurso, eles exercitam não apenas a atuação, como também outros elementos que constituem um espetáculo, tais como criação e execução de cenários, figurinos, maquiagem, iluminação, produção e trilha sonora, o que contribui de maneira significativa para a formação destes futuros artistas e docentes de teatro.
Além disso, com as apresentações abertas e gratuitas ao público, o curso cumpre com sua função de compartilhar o resultado de suas produções artísticas, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento educativo e cultural da região de Dourados.
Em anos anteriores, foram levadas ao palco obras de autores consagrados como Ariano Suassuna (Auto da Compadecida), Shakespeare (Sonho de uma noite de verão e O silêncio de Ophélia) e Eugene Labiche (Um chapéu de palha de Itália). Este ano, o texto escolhido foi A Vida de Galileu, do dramaturgo, encenador e poeta alemão Bertolt Brecht (1898 - 1956), considerado um dos maiores autores de todos os tempos. A obra parte de fatos reais da biografia do astrônomo, físico e matemático Galileu Galilei, que viveu na Itália, no século XVI, e cujo trabalho contribuiu enormemente para o desenvolvimento da ciência, que, à época, apenas dava seus primeiros passos.
Com relação às premissas estéticas, este é o primeiro “projetão” a experimentar o formato arena, no qual a plateia é acomodada em círculo, em torno e muito próxima da área de representação. O papel de Galileu é interpretado por vários atores e atrizes e a encenação buscou trabalhar na perspectiva do humor e da ironia crítica, características da obra de Brecht, para quem o teatro deveria, antes de mais nada, divertir.
SINOPSE
O personagem Galileu, de Brecht, é um cientista e professor que defende a liberdade de pesquisa e de pensamento; que ousa confrontar os poderosos, representados pelos governantes e pela igreja daquele tempo, que tinham como único objetivo a manutenção do status quo. Ao afirmar que a terra não é o centro do universo, contrariando o dogma sagrado, Galileu desperta a ira da inquisição e só não é condenado à morte na fogueira porque concorda em renegar publicamente suas ideias. A peça propõe uma reflexão extremamente atual sobre como funcionam os mecanismos de poder, manipulação e censura, o papel do intelectual diante da opressão e da ausência de liberdade e a necessidade (ou não) de uma atitude heroica frente a tais situações.