Intervenção é o nome que se dá para a manifestação feita por um artista sobre algo que parece pronto, acabado – quando acontece em espaço público, sobre uma placa de rua ou a parede de um edifício, por exemplo, é chamada de intervenção artística. A ideia é deslocar significados, tirar algo de contexto e, assim, causar um certo estranhamento, provocar. Fazer pensar.
É diferente, pela intenção, da brincadeira de mau gosto de Roger Moreira, o roqueiro do Ultraje a Rigor que se orgulha de ter um QI (quoeficiente de inteligência) acima da média. Ao ler uma entrevista à Folha em que Adriana Varejão, uma das participantes da exposição abreviada pelo Santander em Porto Alegre depois da grita reacionária nas redes sociais, a Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, defende a liberdade para a criação artística, Roger fez uma brincadeirinha.
Ele rabiscou uma foto da artista plástica: cruzes sobre os olhos, um falo gigante sobre a boca e, sobre a camisa branca, em cor negra, a palavra "Puta". O que Roger queria não era questionar — ele queria, claramente, agredir alguém que pensa diferente dele.
Roger tripudia de modo grosseiro sobre uma pessoa que ele acaba de derrotar. "Sempre consegui tudo o que quis", disse o músico, em 2001, em entrevista a VEJA sobre o seu QI avantajado. E agora o roqueiro conseguiu outra vez: a mostra Queermuseu que ele, como os histéricos membros do MBL (Movimento Brasil Livre), acusa de incitação à pedofilia, entre outros crimes jamais comprovados, saiu de cartaz um mês antes do previsto. Isso não parece ter satisfeito a sanha ultraconservadora de Roger, um roqueiro que já escreveu versos tão pudicos como "Quando a coisa fica dura", de Pelado, aquele clássico dos anos 1980 que foi tema da novela Brega & Chique, da Globo.
A intervenção artística tem caráter político ou de denúncia social quando se volta contra um poder estabelecido. Isso justifica, por exemplo, os protestos contra Donald Trump. Eles não são contra Trump em pessoa, ou não apenas contra ele, mas contra tudo o que ele representa: misoginia, autoritarismo, distorção da realidade pela pulverização de notícias falsas, para ficar em apenas três pontos. Donald Trump está no poder. Já Adriana Varejão acaba de ser tirada de cartaz por um movimento de que o próprio Roger Moreira é representante.
Atacá-la é espezinhá-la, uma agressão gratuita que, a título de defesa, ele chama também de humor. No Twitter, o músico vem alegando que, como a arte, o humor deve ser livre. Uma posição controversa que leva a discussões entre os próprios humoristas, a reflexões e a crises de consciência. Neste ano, a americana Kathy Griffin se deixou fotografar segurando a cabeça cortada de Trump. Era encenação, claro, e Trump é um poder constituído, mas pouco depois Kathy avaliou que passou dos limites e pediu desculpas.
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