Regime perverso: não é novidade dizermos que o capitalismo é um regime perverso na medida em que só existe enquanto houver exploração do homem pelo homem. Sem esse fator, gerador da mais-valia, o capitalismo não teria como existir.
Inflação: não bastasse essa constatação, da perversidade capitalista, outro mostro que persegue a humanidade, e isso desde quando se criou o mercado de trocas, é a inflação. Essa não é propriamente uma criação do capitalismo, mas determinada por uma lei da economia que até hoje não foi revogada: a lei da oferta e da procura.
Mostro enclausurado: governantes de todas as partes do mundo, desde a Antiguidade combatem constantemente esse verdadeiro monstro que é a inflação. Sempre se dá um jeito de enclausurá-lo, mas como a Fênix, renasce das próprias cinzas e atormenta novamente os governantes e faz sofrer os povos.
Causas da inflação: causas, eu disse, portanto temos a considerar que esse monstro chamado inflação não é de uma só cabeça. Se fosse de uma única cabeça bastaria cortá-la enquanto estivesse enclausurada e controlada pelos governantes. Dentre as causas da inflação poderemos mencionar os gastos excessivos dos governantes, a valorização de produtos agrícolas decorrentes de intempéries, mas hoje vou falar sobre o crescimento econômico como gerador da inflação.
Oferta e Procura: É elementar dentre os conceitos da Economia que quanto maior a oferta e menor a procura, menor é o preço e quanto menor a oferta e maior a procura maior o preço. Isso posto, vejamos o que aconteceu nos últimos anos no caso brasileiro.
Lula e a inserção social: os programas sociais do governo Lula, aliados a uma política externa de ampliação de mercados e um acerto na política econômica interna, fizeram com que houvesse a ascensão de milhares de brasileiros da condição de pobreza para a condição de consumidores. Ora, esse crescimento no poder de compra fez com que aumentasse a demanda por produtos industrializados não somente pelas chamadas classes C e B, como também pelas classes D e E, que há oito ou dez anos atrás nem sonhavam em adquirir determinados produtos.
Investimentos em infraestrutura: aliada à inclusão de milhares de brasileiros à economia de mercado, tivemos ainda maciços investimentos do governo federal em obras de infraestrutura, o que resultou em aumento acentuado na demanda por produtos industrializados.
Crescimento industrial: Não obstante o crescimento industrial brasileiro ter sido considerável, não conseguiu suprir à demanda e, por paradoxal que possa parecer, ao gerar milhares de empregos formais gerou também milhares de novos consumidores que aumentaram ainda mais a demanda por produtos, pressionando os preços, pois havendo maior procura e menor produção, como disse, maior o preço e daí o renascimento do monstro da inflação.
Remédios utilizados: quando ocorre esse processo os economistas normalmente recomendam e os governos adotam, para conter a inflação, o achatamento dos salários e o corte no crédito. Remédio amargo, que reprime a demanda e, se por um lado enclausura o mostro, por outro, impede o crescimento da economia. Mas qual seria a saída?
Financiamento da expansão industrial: Ora, o financiamento para as atividades produtivas pelos governos brasileiros seria a solução lógica para esse nó gorglio, no entanto isso já é feito por intermédio dos bancos públicos de fomento. E, se os governos não investem ainda mais nesse setor é para não caírem em outra armadilha, que é provocar um déficit público, também gerador de inflação.
Solução ideal: para atingirmos o bem estar social o ideal seria que o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB – fosse no mínimo igual ao crescimento vegetativo da população do país. Ponto final? Não, porque as desigualdades sociais são enormes, então a solução seria o crescimento muito maior do PIB em relação ao aumento da população e uma distribuição de renda justa para que no menor decurso de prazo possível se atinja a igualdade social.
Muita água vai rolar: será que a humanidade nessa sua trajetória histórica, conseguira um dia estabelecer esse padrão de vida, mais justo, mais fraterno, mais igual?
*Suas críticas são bem vindas: biasotto@biasotto.com.br
Membro da Academia Douradense de Letras; aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.*
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